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cinema
Conselho de classe
Vencedor de Cannes no ano passado, "Entre os Muros da Escola" retrata cotidiano de estudantes franceses
DA REPORTAGEM LOCAL
Em uma escola francesa, na periferia de
Paris, reúnem-se jovens de origens, etnias, religiões e hábitos muito diferentes. Como
Wei, imigrante chinês estudioso e fã de games; Souleymane,
filho de imigrantes malineses
desinteressado nas aulas, mas
com um talento secreto para a
fotografia; e Esmeralda, a garota rebelde que só usa gírias durante a classe, mas lê Platão nas
horas vagas.
Com o giz na mão e a árdua
tarefa de atrair a atenção e ensinar francês aos garotos está o
professor François Marin, dedicado e apaixonado pelo ofício, mas visivelmente frustrado com a
dificuldade de lidar
com a falta de interesse da turma.
É em torno da relação conflituosa criada na sala de aula que
gira "Entre os Muros da Escola", filme de Laurent Cantet,
que estreia no Brasil nesta sexta-feira.
Os alunos de Marin são uma
espécie de síntese da França
atual. Filhos de imigrantes
asiáticos, árabes e africanos,
não se reconhecem nem como
franceses nem como estrangeiros e transitam numa espécie
de limbo de identidade.
Assim, não veem muito sentido nas aulas, desafiam a autoridade dos professores e se provocam mutuamente.
Do outro lado, os professores
também não sabem como reagir à apatia e à falta de disciplina dos alunos. Punir os malcomportados ou incentivar os
que se destacam?
E enquanto o assunto é discutido exaustivamente em reuniões a portas fechadas, a escalada de violência na sala de aula
aumenta.
Documental
Vencedor da Palma de Ouro
em Cannes no ano passado, o
filme é baseado no livro homônimo de François Bégaudeau
-que também vive o protagonista e assina o roteiro- sobre
sua experiência como professor em Paris.
Apesar de ser uma ficção, a fita tem um tom documental.
Com fotografia discreta e sem
trilha sonora, toda a ação se
passa dentro da escola.
Os personagens são interpretados por alunos e professores
da escola onde foi feita a filmagem, no 20º arrondissement
(bairro da periferia de Paris).
Para selecionar os atores, o
diretor e o autor realizaram
uma série de workshops de improvisação com estudantes e
professores do colégio Dolto Jr.
ao longo do ano letivo de 2006.
Partindo de um roteiro inicial genérico, as cenas e os diálogos foram ganhando forma ao
longo desse processo, com a
participação dos adolescentes e
dos professores.
Para ter mais agilidade, Cantet optou pelo uso de câmeras
digitais, que registraram minuciosamente gestos e expressões
dos garotos.
Na quarta-feira (11/3), após
uma sessão de pré-estreia do
filme em São Paulo, o diretor
participa de um debate com o
crítico da Folha Sérgio Rizzo e
a cineasta Laís Bodanzki, entre
outros convidados. O evento
acontece na Reserva Cultural
(av. Paulista, 900), às 19h30.
(LETICIA DE CASTRO)
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