São Paulo, segunda-feira, 09 de março de 2009

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cinema

Conselho de classe

Vencedor de Cannes no ano passado, "Entre os Muros da Escola" retrata cotidiano de estudantes franceses

DA REPORTAGEM LOCAL

Em uma escola francesa, na periferia de Paris, reúnem-se jovens de origens, etnias, religiões e hábitos muito diferentes. Como Wei, imigrante chinês estudioso e fã de games; Souleymane, filho de imigrantes malineses desinteressado nas aulas, mas com um talento secreto para a fotografia; e Esmeralda, a garota rebelde que só usa gírias durante a classe, mas lê Platão nas horas vagas.
Com o giz na mão e a árdua tarefa de atrair a atenção e ensinar francês aos garotos está o professor François Marin, dedicado e apaixonado pelo ofício, mas visivelmente frustrado com a dificuldade de lidar com a falta de interesse da turma.
É em torno da relação conflituosa criada na sala de aula que gira "Entre os Muros da Escola", filme de Laurent Cantet, que estreia no Brasil nesta sexta-feira.
Os alunos de Marin são uma espécie de síntese da França atual. Filhos de imigrantes asiáticos, árabes e africanos, não se reconhecem nem como franceses nem como estrangeiros e transitam numa espécie de limbo de identidade.
Assim, não veem muito sentido nas aulas, desafiam a autoridade dos professores e se provocam mutuamente.
Do outro lado, os professores também não sabem como reagir à apatia e à falta de disciplina dos alunos. Punir os malcomportados ou incentivar os que se destacam?
E enquanto o assunto é discutido exaustivamente em reuniões a portas fechadas, a escalada de violência na sala de aula aumenta.

Documental
Vencedor da Palma de Ouro em Cannes no ano passado, o filme é baseado no livro homônimo de François Bégaudeau -que também vive o protagonista e assina o roteiro- sobre sua experiência como professor em Paris.
Apesar de ser uma ficção, a fita tem um tom documental. Com fotografia discreta e sem trilha sonora, toda a ação se passa dentro da escola.
Os personagens são interpretados por alunos e professores da escola onde foi feita a filmagem, no 20º arrondissement (bairro da periferia de Paris).
Para selecionar os atores, o diretor e o autor realizaram uma série de workshops de improvisação com estudantes e professores do colégio Dolto Jr. ao longo do ano letivo de 2006.
Partindo de um roteiro inicial genérico, as cenas e os diálogos foram ganhando forma ao longo desse processo, com a participação dos adolescentes e dos professores.
Para ter mais agilidade, Cantet optou pelo uso de câmeras digitais, que registraram minuciosamente gestos e expressões dos garotos.
Na quarta-feira (11/3), após uma sessão de pré-estreia do filme em São Paulo, o diretor participa de um debate com o crítico da Folha Sérgio Rizzo e a cineasta Laís Bodanzki, entre outros convidados. O evento acontece na Reserva Cultural (av. Paulista, 900), às 19h30. (LETICIA DE CASTRO)


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