São Paulo, segunda-feira, 09 de março de 2009

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>>Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br

Contra "Watchmen" e os quadrinhos

OU MELHOR, contra "Watchmen" e as "graphic novels". É que botar "graphic novel" no título afastaria os não-iniciados. Vamos lá.
Dois críticos que respeito estraçalharam "Watchmen", o filme de Zack Snyder baseado na "graphic novel" de Alan Moore e Dave Gibbons. No "New York Times", A.O. Scott chamou a fita de "interminável". Na "New Yorker", Anthony Lane disse que é tão desagradável e longa quanto uma "cirurgia de grande porte" e tirou muito sarro das pretensões "literárias" e "eruditas" de Moore.
Lane despreza as frases "profundas" de que Alan Moore tanto gosta. Exemplo: "Esta cidade horrível, ela grita como um abatedouro cheio de crianças retardadas". Lane fuzila: "Eis aí um escritor fazendo força demais".
Já A.O. Scott aponta que "Watchmen" só teve apelo para um tipo de público: um universitário de segundo ano de faculdade no meio dos anos 80, com algum gosto pelo filósofo Nietzsche, uma grande coleção de discos e pelo menos um amigo nerd.
Bom, eu era esse cara. E foi mais ou menos nessa época (1988) que, incentivado pela minha namorada, li "Watchmen" e pirei.
Mas não sei se ainda tenho paciência para as filosofices sobre o tempo do dr. Manhattan (personagem de "Watchmen"). E, principalmente, para a necessidade que autores de HQs "sérias", como o próprio Moore e Neil Gaiman, têm de mostrar erudição, conhecimento histórico, domínio de técnicas narrativas complexas etc.
Entrei nos quadrinhos gringos pelo "Homem-Aranha", nos anos 70. Eram gibis-gibis, diretos ao ponto, e não gibis-romances cheios de literatices.
Chato, mas "graphic novel" é um gênero que há tempos não rola mais para mim. De congeladas no espaço- tempo, já chegam minhas idiossincrasias musicais. Da literatura e do cinema, espero mais. E torço para não ter perdido alguns amigos com esta coluna.

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PLAY - Quadrinhos simples
Homem-Aranha, Batman, Super-Homem... Como seria bom se a vida fosse simples assim!

PAUSE - Batman do Frank Miller
O sensacional "Cavaleiro das Trevas" não tem culpa de ter aberto caminho para os quadrinhos "sérios".

EJECT - Quadrinhos "sérios"
Na boa, se eu quiser literatura vou ler William Faulkner e Thomas Mann.


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