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>>Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br
Contra "Watchmen" e os quadrinhos
OU MELHOR, contra "Watchmen" e as
"graphic novels". É que botar "graphic
novel" no título afastaria os não-iniciados. Vamos lá.
Dois críticos que respeito estraçalharam
"Watchmen", o filme de Zack Snyder baseado
na "graphic novel" de Alan Moore e Dave Gibbons. No "New York Times", A.O. Scott chamou a fita de "interminável". Na "New Yorker", Anthony Lane disse
que é tão desagradável e
longa quanto uma "cirurgia de grande porte" e tirou muito sarro das pretensões "literárias" e
"eruditas" de Moore.
Lane despreza as frases
"profundas" de que Alan
Moore tanto gosta.
Exemplo: "Esta cidade
horrível, ela grita como
um abatedouro cheio de
crianças retardadas". Lane fuzila: "Eis aí um escritor fazendo força demais".
Já A.O. Scott aponta
que "Watchmen" só teve
apelo para um tipo de público: um universitário de
segundo ano de faculdade
no meio dos anos 80, com
algum gosto pelo filósofo
Nietzsche, uma grande
coleção de discos e pelo
menos um amigo nerd.
Bom, eu era esse cara. E
foi mais ou menos nessa
época (1988) que, incentivado pela minha namorada, li "Watchmen" e pirei.
Mas não sei se ainda tenho paciência para as filosofices sobre o tempo do dr. Manhattan (personagem de
"Watchmen"). E, principalmente, para a necessidade
que autores de HQs "sérias", como o próprio Moore e
Neil Gaiman, têm de mostrar erudição, conhecimento
histórico, domínio de técnicas narrativas complexas etc.
Entrei nos quadrinhos gringos pelo "Homem-Aranha", nos anos 70. Eram gibis-gibis, diretos ao ponto, e
não gibis-romances cheios de literatices.
Chato, mas "graphic novel" é um gênero que há tempos não rola mais para mim. De congeladas no espaço-
tempo, já chegam minhas idiossincrasias musicais. Da
literatura e do cinema, espero mais. E torço para não ter
perdido alguns amigos com esta coluna.
Cd Player
PLAY - Quadrinhos simples
Homem-Aranha, Batman,
Super-Homem... Como seria
bom se a vida fosse simples
assim!
PAUSE - Batman do Frank Miller
O sensacional "Cavaleiro das
Trevas" não tem culpa de ter
aberto caminho para os
quadrinhos "sérios".
EJECT - Quadrinhos "sérios"
Na boa, se eu quiser literatura
vou ler William Faulkner e
Thomas Mann.
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