São Paulo, segunda-feira, 09 de março de 2009

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Pintura íntima

"Valsa com Bashir" mostra traumas de jovens que lutaram na guerra; versão em quadrinhos chega ao país antes do filme

DO EDITOR DO FOLHATEEN

Imagine se o serviço militar fosse realmente obrigatório no Brasil (não apenas na lei, mas na prática) e se os jovens convocados fossem realmente enviados para uma guerra, um combate em que civis inocentes (mulheres, crianças e idosos inclusive) fossem massacrados.
Da nossa posição, é difícil imaginar o impacto que isso teria na cabeça de toda uma geração de jovens. E é por isso que obras como "Valsa com Bashir" são importantes: elas mostram como é esse impacto.
Ele é tão feio que muitos, como Ari Folman (o diretor do filme e autor da HQ, ambos com o mesmo título), simplesmente bloqueiam tudo, inconscientemente. Outros, como seus colegas de Exército, têm pesadelos que os perseguem a vida toda.
Foi justamente a partir da conversa com um de seus ex-colegas de farda que Folman decidiu investigar por que havia se esquecido do que vivera na Guerra do Líbano (1982).
Ele saiu entrevistando seus conhecidos e, com isso, reconstruiu os acontecimentos horrendos por que passou -e ele estava do lado mais forte, ou seja, sua crise é de consciência, pelas covardias cometidas.
"Valsa com Bashir", a HQ, surgiu depois do filme, mas chega primeiro ao Brasil -o longa, já exibido em festivais por aqui, está previsto para estrear em abril-, lançada pela L&PM (R$ 46, 120 págs.).
A versão em quadrinhos é boa, mas, até por ser uma mera reprodução dos quadros da animação, é bem inferior ao filme -parece engessada, sem vida.
De qualquer modo, até a chegada do filme (e ele certamente não vai chegar a muitas cidades, dada a falta de telas no Brasil), é uma boa introdução.
Outra opção é assistir a um derivado de "Bashir", o curta "Closed Zone" (zona fechada), dirigido por Yoni Goodman (que foi diretor de animação do filme) e disponível no YouTube -procure pelo título e você encontrará o curta e uma entrevista com seu criador. (MAC)


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