São Paulo, segunda-feira, 09 de maio de 2011

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Pai petista, filho xamanista

CRIA DE SENADOR, JÚLIO CASTILHO, 22, FAZ SUCESSO COM BANDA MÍSTICA

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE SÃO PAULO

Com jeitão de bicho-grilo, Júlio Castilho, 22, parece alguém que pegou a máquina do tempo andando e quis sentar na janela.
No palco, o multi-instrumentista e filho do senador Humberto Costa (PT-PE) encarna o "safátiro do intelecto de suor, manifestado do pós-contemporâneo", seja lá o que isso signifique.
É nesse momento que Feiticeiro Julião pede licença "para se manifestar" no corpo do estudante de letras.
O Folhateen viu o artista em ação no mês passado, quando ele ganhou um concurso para se apresentar no festival Abril Pro Rock, em Recife, ao lado de nomes como Arnaldo Antunes.
Seu lado xamânico se refere à "incorporação espiritual" do personagem. Aí, Júlio sacoleja de lá para cá, toca caxixi (instrumento que lembra o chocalho) e cria uma espécie de "blues místico".
"O Julião é um ancestral comum a todos nós. Ele é bicho, homem antigo", diz.
Num passado menos remoto, o guri Júlio adorava fuçar a coleção de vinis do pai.
Hoje líder do PT no Senado, Humberto Costa gostava demais de rock, lembra o filho. Em casa, o acervo ia de Rolling Stones a Ave Sangria, banda psicodélica dos anos 70. Influenciado pelo rock doidão, Júlio criou Feiticeiro Julião -alter-ego que virou projeto musical.

MALUCO BELEZA
O artista não esconde que drogas alucinógenas "podem ser uma ferramenta" na atmosfera tribal dos shows.
Na pele de Julião, ele desperta seu lado mais primitivo -e, de quebra, dá um sacode "em quem tira onda de intelectual e não gosta de povo".
Para descrever seu som, Júlio evoca Salvador Dalí e Jorge Mautner, dois artistas "provocadores e satíricos". Também viaja num tal de "materialismo místico".
Com tiradas assim, daquelas que só seu amigo riponga soltaria, nasce o slogan perfeito para Julião: não é tecnologia, é feitiçaria.


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