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FOLHATEEN EXPLICA
Estudo revela que 35% dos analfabetos já frequentaram a escola
Mapa mostra o tamanho do analfabetismo no país no século 21
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Jovens brasileiros que navegam pela internet, trocam e-mails com colegas em outras
línguas e conseguem entender uma reportagem de jornal podem não imaginar, mas moram em um país onde cerca de 16 milhões de
pessoas com 15 anos ou mais não sabem ler o
"Ordem e Progresso" da bandeira nacional.
Se conseguem ler, é com dificuldade.
Além disso, em apenas 19 dos 5.507 municípios do país a média de escolarização dos moradores corresponde a oito anos, ou seja, o ensino fundamental completo (de 1ª a 8ª série)
-um direito de todos os cidadãos.
A cidade com o maior índice de escolaridade é Niterói (RJ) -onde a média é de 9,5 séries concluídas- enquanto Guaribas (PI)
tem a pior colocação -1,1 ano de estudo, segundo dados de 2000.
Os dados compõem o "Mapa do Analfabetismo no Brasil", divulgado na última quarta.
Para ter uma idéia do tamanho do problema, o estudo aponta que são 30 milhões de jovens e adultos com 15 anos ou mais que não
concluíram nem sequer quatro séries de estudo, os chamados analfabetos funcionais. Esse
número inclui os 16 milhões que não são capazes de ler e escrever um bilhete simples.
O quadro do analfabetismo já foi pior. Em
1991, 19,7% das pessoas com 15 anos ou mais
não sabiam ler e escrever. Caiu para 13,6% em
2000 e para 12,4% em 2001.
Um dos problemas resistentes que o estudo
mostra é a evasão escolar e seus efeitos negativos: 35% dos analfabetos já frequentaram
uma escola. E abandonaram, entre outros
motivos, por causa da baixa qualidade do ensino ou pela necessidade de trabalhar.
Frequentar a escola também não é suficiente para garantir o aprendizado: 7,4% dos adolescentes de 10 a 19 anos não sabem ler e escrever. "Esses jovens ou ainda estão na escola ou
por ela já passaram, o que mostra que nosso
sistema educacional continua a produzir
analfabetos", avalia o estudo do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) feito com números do órgão e do IBGE.
Também é falso imaginar que analfabetismo e baixa escolaridade acontecem apenas
em regiões consideradas atrasadas. Na lista
dos cem primeiros municípios com a maior
concentração de analfabetos estão 24 capitais.
São Paulo e Rio de Janeiro -com 383 mil e
199 mil analfabetos, respectivamente- são as
cidades com maior número absoluto.
Para o Ministério da Educação, além do
projeto de alfabetização que vem sendo desenvolvido, a solução para o problema pode
ser "caseira". Ou seja, a pesquisa mostra que o
vizinho de qualquer pessoa pode ser analfabeto e ter vergonha de dizer. Bastaria que cada
um ensinasse o que sabe para que o analfabeto pudesse começar a estudar.
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