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cinema
O início do fim.
No quinto filme, que estréia na quarta, Harry treina um exército de colegas para se defender de Voldemort
IVAN FINOTTI
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES
V
ocê que é fã do bruxo com cicatriz na
testa vai gostar de
saber que a esmagadora maioria dos
jornalistas especializados em
cinema saíram da sessão de imprensa de "A Ordem da Fênix"
impressionados com o filme.
Disseram que, agora sim, o
filme está sombrio. Que o diretor David Yates filma muito
bem. Que a história é ótima
porque mostra a rebeldia adolescente contra os valores da
educação tradicional.
Acontece que sempre tem
um jornalista chatinho no
meio, e, por acaso, é ele que está
escrevendo estas linhas. Para
começar, quando dizem que o
filme cinco está sombrio, dizem como se isso fosse "bom",
em oposição ao mundo infantil
e alegre que deveria se esperar
de uma obra infanto-juvenil.
Mas o filme decididamente
não está mais sombrio do que
os outros. Harry Potter sempre
foi sombrio, ora bolas. No primeiro filme, por exemplo, tivemos um bebê Voldemort nascendo na cabeça de um infeliz
professor. No segundo, uma
serpente gigante. No terceiro,
lobisomens e outros monstros
aterrorizantes. No quarto, a
trágica morte de Cedric. Enfim,
em toda estréia parece que se
fala a mesma coisa: "Agora ficou sombrio, blablabla". Bobagem. Harry Potter é filme de
terror e sempre foi.
Não se pode negar que o início do quinto filme é sensacional. O parquinho infantil, o sol,
a solidão de Harry, de repente o
céu parece desabar com a chegada dos dementadores, e o filme se torna frio e chuvoso.
Assim como a escola Hogwarts se tornará fria e chuvosa
com a chegada da nova ordem
fascista imposta pela nova professora de Defesa Contras as
Artes das Trevas, Dolores Umbridge. Nem ela nem o ministério da Magia acreditam que
Voldemort está de volta. Assim,
as autoridades farão o possível
para desacreditar Harry. O bruxinho, por outro lado, vai começar a treinar um exército
particular de colegas para a
chegada do lorde das trevas.
Mas algumas pontas soltas
no filme incomodam. Por
exemplo: em certo momento,
Sirius está dando informações
imprescindíveis para nosso trio
de protagonistas. Mas, na hora
em que vai explicar o mais importante, ele diz, "oh, está vindo alguém, preciso ir". Só que
na cena seguinte não aparece
ninguém, e os três ficam lá discutindo o que ouviram.
Outro incômodo é que o estilo de filme que faz parte de uma
série está ainda mais escancarado. "A Ordem da Fênix" não é
um filme, mas um pedaço de
uma série. Pior, parece o início
da trilogia final, ainda que a culpa não seja dos realizadores, e
sim do projeto de JK Rowling.
Mas, deixando a chatice de lado, talvez a fita mereça três estrelas. Se a gente pensar no nível de diversão descompromissada para os fãs: quatro estrelas. Monstros e computação
gráfica: quatro estrelas. Rebeldia contra a professora pentelha: quatro estrelas. Possibilidade de algum tipo de transformação interior de uma pessoa
após assistir a essa obra: bola
preta. Na média: três estrelas.
O jornalista IVAN FINOTTI viajou a Londres a
convite da Warner
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