São Paulo, segunda-feira, 09 de julho de 2007

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cinema

O início do fim.

No quinto filme, que estréia na quarta, Harry treina um exército de colegas para se defender de Voldemort

IVAN FINOTTI
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

V ocê que é fã do bruxo com cicatriz na testa vai gostar de saber que a esmagadora maioria dos jornalistas especializados em cinema saíram da sessão de imprensa de "A Ordem da Fênix" impressionados com o filme. Disseram que, agora sim, o filme está sombrio. Que o diretor David Yates filma muito bem. Que a história é ótima porque mostra a rebeldia adolescente contra os valores da educação tradicional.
Acontece que sempre tem um jornalista chatinho no meio, e, por acaso, é ele que está escrevendo estas linhas. Para começar, quando dizem que o filme cinco está sombrio, dizem como se isso fosse "bom", em oposição ao mundo infantil e alegre que deveria se esperar de uma obra infanto-juvenil.
Mas o filme decididamente não está mais sombrio do que os outros. Harry Potter sempre foi sombrio, ora bolas. No primeiro filme, por exemplo, tivemos um bebê Voldemort nascendo na cabeça de um infeliz professor. No segundo, uma serpente gigante. No terceiro, lobisomens e outros monstros aterrorizantes. No quarto, a trágica morte de Cedric. Enfim, em toda estréia parece que se fala a mesma coisa: "Agora ficou sombrio, blablabla". Bobagem. Harry Potter é filme de terror e sempre foi.
Não se pode negar que o início do quinto filme é sensacional. O parquinho infantil, o sol, a solidão de Harry, de repente o céu parece desabar com a chegada dos dementadores, e o filme se torna frio e chuvoso. Assim como a escola Hogwarts se tornará fria e chuvosa com a chegada da nova ordem fascista imposta pela nova professora de Defesa Contras as Artes das Trevas, Dolores Umbridge. Nem ela nem o ministério da Magia acreditam que Voldemort está de volta. Assim, as autoridades farão o possível para desacreditar Harry. O bruxinho, por outro lado, vai começar a treinar um exército particular de colegas para a chegada do lorde das trevas.
Mas algumas pontas soltas no filme incomodam. Por exemplo: em certo momento, Sirius está dando informações imprescindíveis para nosso trio de protagonistas. Mas, na hora em que vai explicar o mais importante, ele diz, "oh, está vindo alguém, preciso ir". Só que na cena seguinte não aparece ninguém, e os três ficam lá discutindo o que ouviram.
Outro incômodo é que o estilo de filme que faz parte de uma série está ainda mais escancarado. "A Ordem da Fênix" não é um filme, mas um pedaço de uma série. Pior, parece o início da trilogia final, ainda que a culpa não seja dos realizadores, e sim do projeto de JK Rowling.
Mas, deixando a chatice de lado, talvez a fita mereça três estrelas. Se a gente pensar no nível de diversão descompromissada para os fãs: quatro estrelas. Monstros e computação gráfica: quatro estrelas. Rebeldia contra a professora pentelha: quatro estrelas. Possibilidade de algum tipo de transformação interior de uma pessoa após assistir a essa obra: bola preta. Na média: três estrelas.


O jornalista IVAN FINOTTI viajou a Londres a convite da Warner


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