São Paulo, segunda-feira, 09 de novembro de 2009

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Banho de lua nova

Leitores da saga param de tomar sol para ficar pálidos; entre apelidos, "albinão" e "Branca de Neve"

DA REPORTAGEM LOCAL

Soou como elogio quando uma colega disse "Branca de Neve" apontando para Raíssa Rodrigues, 15, na última terça, em Jaú (SP).
Raíssa é fã de "Crepúsculo", acha "Bella muito bela", e quer ser pálida como a mocinha.
Miguel Soruté, 17, é outro que foge do sol pelo branco do papel. Só joga bola após as 18h e usa protetor solar no rosto.
Diz que não é gótico e que só aderiu à candura para agradar as meninas de Piracicaba (SP). Mas não os caras: "Me chamaram já de tudo: é albinão, é "bigato"... No fundo, é inveja!".
Enquanto muitos são loucos para morar na praia, Manaíra Lazzaro, 16, evita descer as quatro quadras que a separam do mar, em Caraguatatuba (SP).
Terminou de ler a quadrilogia e ficou meses sem pisar na areia, para virar "de porcelana".
Enquanto seus primos paulistanos foram para o litoral, no último feriadão, ela foi à capital curtir a folga -sem sol.

Vai pela sombra
Para a dermatologista Carla Vidal, Manaíra faz bem. Ficar na sombra ou passar protetor solar evita o envelhecimento precoce e diminui a chance de desenvolver câncer de pele, diz.
Por outro lado, a falta completa de contato com a luz solar pode diminuir a fixação de vitamina D, que fortalece os ossos.
Ellen Deuter, 16, acha que há algo obscuro na moda pálida: a ausência de afrovampiros. "Tem um negro [na saga] só pra dizer que não há preconceito."
Mas essa onda tem a ver com questões raciais? O psicólogo Miguel Perosa, da PUC-SP, diz que não. A menina que se pinta "quer ser pálida, e não branca", diz ele, que entende esse desejo como vontade de pertencer a um grupo.
Já a "vampira" Liz Vamp, 37, fica com "sangue nos olhos" ao ouvir sobre a moda. "Sou contra ditarem o que fazer. Ou de que cor ser!" (CHICO FELITTI)


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