São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 2006

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SAÚDE

Doença ainda é muito grave

Tomar os medicamentos pode causar efeitos colaterais desagradáveis, mas é necessário para evitar situação irreversível

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A pesar de a Aids hoje em dia ser considerada uma doença crônica, ela não deixou de ser grave, da mesma forma que outras doenças crônicas graves como a diabetes (que pode causar cegueira, amputações e morte). "Por existir medicações que controlam a doença, muitos jovens estão deixando de se cuidar e de se preocupar com a Aids. Está havendo uma banalização perigosa, como se a doença tivesse deixado de ser grave. Não deixou. Doença crônica não é sinônimo de doença leve. Aids é uma doença crônica, é grave e mata", explica o infectologista Juvêncio José Duailibe Furtado, da Sociedade Brasileira de Infectologia e membro da Comissão Nacional de DST/Aids. Por isso, não dá para transar sem usar camisinha.
No mundo todo, milhões de pessoas ainda morrem todos os anos por causa da doença -normalmente, pessoas que demoraram a fazer o diagnóstico, o que torna o tratamento mais difícil, ou que não têm condições de comprar os remédios (no Brasil, o tratamento é gratuito e garantido por lei a todos os soropositivos). Na África, por exemplo, as crianças que nascem soropositivas morrem antes dos 5 anos.
Além de ser uma doença fatal, o próprio tratamento também provoca uma série de efeitos colaterais desagradáveis. "No começo do tratamento, um dos remédios me dava muita tontura. Outros dão dor de estômago, diarréia", conta Katia, 18. "Mas antes dos remédios era muito pior, pois eu vivia doente, com pneumonia, tuberculose."
Outro efeito colateral dos medicamentos é a chamada lipodistrofia, que é a distribuição irregular das gorduras no corpo. A pessoa fica com o rosto mais encovado, as pernas e os braços mais magros, o tórax mais inchado e pode aparecer um acúmulo de gordura nas costas, formando uma pequena corcunda. Nem todas as pessoas que tomam os medicamentos têm lipodistrofia.
Por conta desses problemas, muitos jovens soropositvos acabam deixando de tomar os remédios. "Alguns medicamentos têm o gosto muito ruim, são muitos comprimidos por dia e eles acabam lembrando da doença na hora de tomar. Por isso acabam não aderindo ao tratamento, o que é um problema grave, pois depois fica cada vez mais difícil de os remédios fazerem efeito. A gente procura falar para eles colocarem uma foto legal na embalagem, para encarar como se fosse um energético", conta a educadora Ana Tereza Bonilha.
(ALESSANDRA KORMANN)


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