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SAÚDE
Mais aceitação
Para infectologista, preconceito começa pelo próprio indivíduo e precisa ser combatido
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O médico infectologista David Uip,
diretor-executivo do Incor e professor livre docente da USP, acompanha de perto a história da Aids no Brasil.
Ele participou dos primeiros diagnósticos
da doença no país, em 1982.
Ele conta que a primeira geração de
crianças que nasceram com o HIV morreu.
"Hoje, é uma enorme satisfação pessoal
acompanhar adolescentes que eu vi nascer.
Vi essa doença mudar de rumo." Uip coordena o projeto de Cooperação Brasil/Angola na Luta Contra a Aids, que está reduzindo de 50% para menos de 2% o índice de
transmissão vertical do HIV.
(AK)
Folha - Como vive hoje um adolescente
com HIV?
David Uip - Hoje eles vivem mais e melhor. Mas há efeitos colaterais, como o aumento de colesterol, que leva a problemas
cardíacos e cerebrais, como o derrame. Aumentou muito o número de jovens soropositivos com doenças coronárias. Também
existem efeitos que atrapalham a estética
do indivíduo, como a lipodistrofia. Estamos investindo para trazer de volta a beleza
dessas pessoas, com um planejamento estético que vai do preenchimento no rosto
até lipoaspiração nas costas e no abdômen.
Folha - Ainda há muito preconceito
contra os soropositivos?
Uip - É uma doença que ainda é estigmatizante. O preconceito começa no indivíduo, que não quer que ninguém saiba que
ele tem a doença e acaba se sentindo isolado. Mas ele tem receio por conta da história, que mostra que a sociedade é preconceituosa. E sem razão, pois não há como
transmitir sem ser via sangue ou sexo.
Folha - O que significa ter HIV na adolescência?
Uip - Muitas vezes esse adolescente é órfão. Isso tem que ser bem trabalhado. O
adolescente terá uma vida normal, mas
com mais cuidados, como comer bem,
dormir bem, praticar esporte e usar preservativo. O importante é que se sinta dentro
do contexto e seja aceito. Ainda ouvimos
dizer que alguns pais não querem que os filhos estudem com soropositivos. Essa ignorância tem que ser repudiada.
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