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Alvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br
Brasil vira a terra dos indies estatais
Recebo o álbum triplo de Messias Bandeira. Messias é o cérebro da brincando de deus, com minúsculas, banda baiana mais inglesa de todos os tempos. Nesta primeira incursão solo, ele vem com três CDs
("escrever-me", "envelhecer-me", "esquecer-me"). Produção sofisticada.
Amigos também enviam o link de um debate impenetrável e sem fim sobre a categoria indie dominante no
Brasil: os indies estatais. Parece um fórum de discussão
de donos de cartório -só linguagem burocrática e a conhecida sanha brasileira de morder "algum" no governo
(governo, no caso, é a Petrobras).
Antes, já tinha lido um líder do indie estatal dizer que
os independentes do século 21 diferiam dos anos 90,
quando o povo se virava sozinho. Agora, o lance é colar
em um órgão governamental simpático à "causa". As palavras não são exatas, mas era esse o espírito.
Não sou contra incentivo estatal à arte. A cena canadense do Arcade Fire, por exemplo, deve muito à ajuda
financeira para novos artistas de Québec.
Mas duvido que, se mudar o governo lá, mudarão os
artistas beneficiados. Já no Brasil, um viés ideológico direciona os recursos estatais. Estar aliado à política cultural do poder é crucial.
Constate a homogeneidade desses festivais pendurados em dinheiro público. É tudo neo-hippie, e o vomitório nacional-regionalista predomina. Ridicularizamos o
ministro Aluísio Pimenta, nos anos 80, por defender a
"cultura da broa de milho". Hoje, apesar do verniz "moderno" de open source etc. do ex-ministro Gilberto Gil,
o ideário jeca é igual.
Observo o álbum triplo do Messias. Nenhum logo ou
benesse estatal. Um indie old school. Fico com ele.
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