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Meninas liberadas
Diário de quatro adolescentes de NY, com maconha,
bebidas e sexo, vira best-seller nos Estados Unidos;
filme baseado no livro "100 Escovadas" estréia no fim do mês
TETÉ RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM WASHINGTON
A idéia das quatro garotas de Nova York
era muito simples:
como iam começar o
ensino médio (ou
high school, em inglês, que dura quatro anos) e não iam se encontrar tanto quanto nos anos
anteriores, decidiram fazer um
diário coletivo.
Assim, uma escrevia o que
estava se passando com ela e
entregava para a primeira entre as outras três que encontrasse, que faria o mesmo. E foi
assim que Sophie Pollitt-Cohen, Courtney Toombs, Julia
Baskin e Lindsey Newman
mantiveram a amizade acesa e
a comunicação a mil de setembro de 2001 até junho de 2005.
E assim nasceu o livro "The
Notebook Girls", lançado esse
ano nos Estados Unidos (e sem
editora no Brasil), que ficou
três semanas na lista dos mais
vendidos do jornal "The New
York Times".
A escola que as quatro nova-iorquinas de classe média alta
freqüentavam era a Stuyvesant
High School, a escola pública
mais prestigiosa de Nova York.
Elas eram boas alunas, de famílias ascendentes, mas estavam, como quase todos os adolescentes, experimentando tudo o que aparecia pela frente.
O "notebook", como elas chamavam o diário, era supersecreto. Ninguém podia ler, só as
quatro amigas. Por isso, elas escreviam tudo o que vinha à cabeça, desde os detalhes das tardes em que fumavam maconha
e passeavam sem rumo até as
festas secretas, cheias de bebidas e garotos, na casa da mãe de
uma delas, passando pelo sonho de transar com um menino
que tinha namorada. "Se eu estivesse pensando em escrever
mesmo um livro que seria publicado, jamais teria sido tão
sincera. Talvez tivesse botado
umas aventuras mais heróicas,
menos tédio, mas a idéia era só
fazer um diário", contou ao Folhateen Courtney Toombs.
A idéia de publicar o diário
não partiu das garotas. Foi
Randy Cohen, pai de Sophie e
colunista da revista dominical
do "The New York Times", e a
mãe dela, Katha Pollitt, também jornalista, que tiveram a
idéia. Eles não tinham lido o
diário, mas achavam que poderia ser um relato interessante.
Então, convenceram a filha a
mostrar o material para um
agente literário amigo da família, que decidiu publicar. "Aí, tive de mostrar, finalmente, o
diário para os meus pais, já que
eu era menor de idade", contou
Sophie ao Folhateen.
"Foi a coisa mais difícil que
eu fiz na vida. Eles já sabiam
que eu tinha transado e imaginavam que parte das outras
coisas, como maconha e bebida, tinha passado pela minha
vida, mas não sabiam detalhes
nem conheciam o tom debochado do diário."
Em uma fase, uma das garotas, Julia Baskin, se apaixona
por outra menina, e as duas namoram por alguns meses.
Já Sophie se apaixona por
um garoto que não quer namorá-la, mas os dois ficam juntos
sempre e chegam quase a transar (e o que acontece é descrito
em palavras e desenhos). Ela é
a única que perde a virgindade
no curso do livro, com outro
menino, e descreve em detalhes para as amigas (e para nós)
tudo que rolou.
Por essas e outras, o livro
causou polêmica quando foi
lançado e vários pais de adolescentes proibiram os filhos de
ler o livro. "Acho toda essa polêmica um absurdo. Só tem
uma pessoa que transa nesse livro, e sou eu. Esperei o momento certo, usei camisinha e
depois contei para a minha
mãe, que me levou ao ginecologista para ele me receitar um
anticoncepcional. Não é assim
que todos deviam agir na primeira vez?", diz Sophie.
"Acho que o problema é que
somos meninas, boas alunas e
de famílias legais. As pessoas
gostam de pensar que drogas,
bebidas e garotos só fazem parte da vida de meninas perdidas,
que não querem nada com nada", diz Courtney. "Nosso livro
contradiz essa tese hipócrita,
por isso assusta os puritanos."
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