São Paulo, segunda-feira, 10 de julho de 2006

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Vestido para matar

Nova sensação underground é o Montage, trio de electro que só vai lançar disco em setembro

LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

"O vestido é uma roupa que tem um caimento mais cênico e é mais fácil de tirar. Com um único movimento, você fica nu", explica Daniel Peixoto, 22, vocalista do grupo cearense de electro Montage.
O trio, que deixou Fortaleza para se fixar em São Paulo, faz uma das performances mais intensas da cena underground e é a principal aposta indie para 2006. Isso sem ter nenhum CD.
Apesar de o disco de estréia estar previsto somente para setembro, o Montage já tem um hit: a engraçada e absurda "Ginastas Cariocas", uma espécie de homenagem zoada às atletas brasileiras Daiane e Daniela, que nem cariocas são.
"Numa sessão de fotos há um ano, nós ficamos tentando nos equilibrar só com a cabeça. Nesse mesmo dia estávamos ouvindo funk. A gente começou a inventar em cima disso. Não tem uma história", diz Daniel.
A música é de longe a mais baixada na página da banda (www.tramavirtual.com.br/ montage), segundo o vocalista, e o seu remix vem logo abaixo.
"É mais fácil as pessoas se lembrarem da música se saírem com a imagem. E tem a subversão: sou homem, por que não posso usar vestido?"
Daniel conta que usou seu primeiro vestido quando tinha 14 anos. "Em 1997, fui morar no Rio, onde conheci David Bowie e Marilyn Manson. Um dia, fui a uma festa de escola com um vestido da minha irmã. Era mais discreto, parecia uma batinha de hospital", lembra.
"Vi que as pessoas tinham ficado surpresas e aterrorizadas ao ver isso. No Montage, em 2005, adaptei esse look para o palco", explica o dono de 20 vestidos, "sem contar as saias". "Tive um brechó, que fechei por conta da viagem a São Paulo. Então, sempre passou muita coisa pela minha mão. E também ganho coisas de estilistas."
Esse é o caso de Silvânia de Deus, que cedeu o vestido longo que Daniel usou na foto que ilustra esta entrevista, a pedido do Folhateen. "Ela trabalha o elemento brasileiro sem clichês e com linguagem moderna. Tudo assimétrico", elogia.


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