São Paulo, segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EU VIVI (MAS NÃO GOSTEI)

"Ela te mostrou a prova, né?", eu ouvia

LÍGIA MESQUITA
EDITORA-ASSISTENTE DO VITRINE

Quem tem irmão costuma repetir uma espécie de mantra: "Só eu posso falar mal dele". O mesmo vale para pai e mãe.
Cresci seguindo esse, digamos, código de ética familiar. E saber que minha mãe seria, naquele ano, a professora de história da quinta série B foi como ser intimada a ficar em alerta constante.
Para começar, me vi me questionando como deveria chamar a minha...mãe! Professora? Cristina? Mãe é tão mais natural...
E o estado de alerta que não passa? E sempre tinha algum colega para contribuir: "Olha lá, o Fulano está fazendo gracinha com ela" ou "A Sicrana falou mal". Opa, pera lá. É minha mãe!
Perdi a conta de quantos entraram para a minha lista negra...
E a culpa que dá, acredite, de tirar notas boas (!). Bastava eu receber uma prova corrigida para alguns colegas se juntarem e emendarem: "Filha da professora, né?" ou "Ela te mostrou a prova, né?".
É como se pintassem um "X" na sua testa. Qualquer atraso, aula cabulada, briga ou brincadeira podia virar assunto na sala dos professores ou ser emendado com um "sua mãe sabe?". Se não sabia, ela ficava sabendo. Saco!
Mas as coisas podiam ser piores. Um colega era filho do professor de física mais temido da escola. Deve ter sofrido bem mais do que eu.


Texto Anterior: Mãe & mestra
Próximo Texto: Eu vivi (e gostei): Na aula da minha mãe, nada de bagunça
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.