São Paulo, segunda-feira, 10 de agosto de 2009

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EU VIVI (E GOSTEI)

Na aula da minha mãe, nada de bagunça

DIOGO BERCITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nunca entendi por que há quem não goste de ter aula com a própria mãe. No meu caso, a experiência foi muito bacana.
Lembro-me até hoje de um dia em que ela apagou as luzes da sala e narrou para nós, então na quinta série, os rituais de mumificação do antigo Egito.
Deu calafrio em todo mundo, e fiquei com o maior orgulho quando meus colegas disseram ter adorado a aula.
O chato era quando ela dava bronca nos meus amigos e eu ficava preocupado, com medo de alguém não gostar dela.
Prestava atenção na sala, enquanto ela falava, tentando decifrar os rostos atentos. Para mim, qualquer risadinha era uma ofensa pessoal
Cobrar que meus colegas respeitassem minha mãe acabou me ensinando desde cedo a respeitar os outros professores. Poderiam ser meus pais...
Ser filho de professor, ainda mais na pré-adolescência, foi também uma maneira de estar por dentro das coisas. Os outros professores às vezes jantavam em casa, e eu ficava sabendo, de um jeito ou de outro, das histórias dos bastidores da escola. Eu me sentia especial.
Não tinha um funcionário que não me conhecesse, no colégio.
O duro foi me acostumar a ser só mais um aluno, quando entrei na faculdade! No mercado de trabalho, então...


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