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EU VIVI (E GOSTEI)
Na aula da minha mãe, nada de bagunça
DIOGO BERCITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nunca entendi por
que há quem não
goste de ter aula
com a própria mãe. No
meu caso, a experiência
foi muito bacana.
Lembro-me até hoje de
um dia em que ela apagou
as luzes da sala e narrou
para nós, então na quinta
série, os rituais de mumificação do antigo Egito.
Deu calafrio em todo
mundo, e fiquei com o
maior orgulho quando
meus colegas disseram ter
adorado a aula.
O chato era quando ela
dava bronca nos meus
amigos e eu ficava preocupado, com medo de alguém não gostar dela.
Prestava atenção na sala, enquanto ela falava,
tentando decifrar os rostos atentos. Para mim,
qualquer risadinha era
uma ofensa pessoal
Cobrar que meus colegas respeitassem minha
mãe acabou me ensinando desde cedo a respeitar
os outros professores. Poderiam ser meus pais...
Ser filho de professor,
ainda mais na pré-adolescência, foi também uma
maneira de estar por dentro das coisas. Os outros
professores às vezes jantavam em casa, e eu ficava
sabendo, de um jeito ou de
outro, das histórias dos
bastidores da escola. Eu
me sentia especial.
Não tinha um funcionário que não me conhecesse, no colégio.
O duro foi me acostumar a ser só mais um aluno, quando entrei na faculdade! No mercado de
trabalho, então...
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