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comportamento
Cidade maravilhosa
Não se trata do Rio de Janeiro! Qualquer amontoado de concreto seduz estes urbanóides
LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ela prefere ficar presa
em um congestionamento a passar um
fim de semana no
campo. A poluição
das cidades grandes também
não a incomoda: "Sinto falta do
ar poluído; ar puro não combina comigo". Já a violência urbana, para ela, é o preço pago por
quem mora em uma metrópole
cheia de programas acessíveis e
quer usufruir das comodidades
que a vida moderna oferece.
Com esse discurso, que para
muitos pode soar absurdo, a estudante Amanda Yasmim Tavano Borges, 17, defende a vida
urbana. "Em São Paulo há coisas para fazer; você nunca fica
sem programas. Além disso, tudo é muito acessível. Lugar sossegado não serve para mim."
Também não serve para o estudante Felipe Ventura, 16, urbanóide assumido e apreciador
da boa gastronomia que só São
Paulo tem. "Eu odeio areia.
Quando vou à praia, entro rapidamente no mar, me benzo
com a água e volto correndo para a piscina", conta Felipe, que
nem na natureza do parque Ibirapuera se sente à vontade.
Mas, segundo ele, pior que a
areia da praia grudada pelo corpo é andar descalço. "Uso sandália sempre, tenho medo que
entre uma farpa no meu pé."
Curiosamente, odiar andar
sem sapatos parece ser algo comum entre os jovens urbanóides, como é o caso de Débora
Bettine Nóia, 17. "Faz tanto
tempo que eu não fico descalça
que nem me lembro de quando
foi. Sou daquelas paulistas de
pé branco", revela a estudante,
que, por incrível que pareça, foi
bandeirante durante um ano.
"Não agüentei. Além de não
gostar de respeitar a hierarquia, tive de acampar, montar
barraca e cozinhar na fogueira.
Essa vida não era para mim."
Nem para Aline Varnovitzky,
17, que se sente bem mesmo no
conforto dos shoppings paulistanos -vai a algum no mínimo
uma vez por semana, conta.
"Não sou uma pessoa da natureza, odeio insetos e tenho
pânico de sapo. Acampar, então, nem pensar, é exatamente
o tipo de coisa que não gosto de
fazer", afirma, sem hesitar.
Ela tampouco se vê morando
em cidade pequena. "Não conseguiria viver em um lugar onde todo mundo se conhece e
que só tem um lugar para sair."
São Paulo, Aline só trocaria
pela ainda mais agitada Nova
York. "Estive lá e gostei muito
das luzes e de toda a movimentação. Logo bateu uma identificação com a cidade. É lá onde
todas as coisas acontecem", diz.
Caso deixasse São Paulo, Nova York também seria o destino
da estudante de fotografia Ana
Beatriz Cavalcante Elorza, 20,
pelo fato de ela gostar dessa
"coisa urbana" que está por toda a metrópole dos EUA. "A
paisagem urbana me atrai. Como observadora, vejo mais detalhes, presto mais atenção no
que estou vendo."
Sua impaciência com a vida
rural a fez largar um acampamento na Chapada dos Veadeiros, em Goiás. "Não estava conseguindo nem dormir. Gosto de
ir para a cama tarde, então era
impossível ficar na barraca de
manhã, pelo calor. Além disso,
o camping estava lotado e aquela gente alegre e feliz de manhã
me deixava bem irritada."
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