São Paulo, segunda-feira, 10 de outubro de 2005

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SEXO E SAÚDE

Hemograma não detecta HIV

JAIRO BOUER

"Nos últimos anos fiz sexo com várias parceiras, tanto namoradas como prostitutas. Usei sempre camisinha. Agora estou firme com uma garota de quem gosto muito. Tenho de fazer o teste de HIV, mas sei que ele pode dar um resultado errado. Para compensar, faço testes comuns de sangue todo ano e está sempre normal. Se eu tivesse infectado, meus hemogramas não seriam alterados?"

É bom falar de tempos em tempos sobre a prevenção da Aids. Embora hoje em dia muita gente esteja informada sobre o assunto, a gente sabe que, se o tema não for discutido, corre o risco de ser esquecido, como se o problema não existisse.
Se você usou proteção em todas as suas relações sexuais, a chance de você ter se contaminado com o HIV é praticamente nula. A camisinha é um método confiável de proteção, desde que ela seja usada desde o início da transa. Na dúvida se você se protegeu sempre, vale a pena fazer um teste.
Mas você disse que não fez esse teste porque tem medo de um resultado errado. Será que o medo é esse mesmo? De fato, em medicina, excepcionalmente, os resultados de alguns tipos de teste podem não ser sempre precisos. Embora, hoje, em relação ao HIV, os laboratórios refaçam um teste suspeito e até usem outras metodologias antes de confirmar um resultado positivo. Não é comum que escape um resultado "falso positivo".
Será que, no fundo, você não está apenas procurando evitar o teste para não ter que se angustiar com a espera do resultado? E, para não fazer o exame, fica arrumando explicações racionais?
O exame de sangue comum (hemograma) conta nossas células sangüíneas (série vermelha e série branca). Uma pessoa contaminada pelo HIV pode passar anos sem ter alterações significativas em suas contagens. Por isso, esse exame não é confiável para o diagnóstico. Para saber se você foi contaminado, o exame de escolha é a sorologia para a Aids (que dosa os anticorpos em seu sangue contra o HIV). Fica a dica: procure o médico e peça o exame.
Antes de terminar, respondo a uma crítica recebida pela coluna na última semana sobre a repetição na abordagem do tema da camisinha. Vale a pena dizer que, embora, os jovens saibam da importância da proteção, na hora H, muitas vezes, essa informação fica guardada na gaveta.
Talvez o melhor jeito seja descobrir fórmulas de aproximar o universo da camisinha das vivências reais e afetivas dos jovens. E isso, com certeza, a coluna tenta há quase 12 anos, respondendo semanalmente o que, de fato, nossos leitores perguntam. E se a dúvida é camisinha, a explicação tem que ser dada, não é mesmo?

E-mail: jbouer@uol.com.br

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