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SEXO E SAÚDE
Hemograma não detecta HIV
JAIRO BOUER
"Nos últimos anos fiz sexo com várias parceiras,
tanto namoradas como prostitutas. Usei sempre
camisinha. Agora estou firme com uma garota
de quem gosto muito. Tenho de fazer o teste de
HIV, mas sei que ele pode dar um resultado
errado. Para compensar, faço testes comuns de
sangue todo ano e está sempre normal. Se eu
tivesse infectado, meus hemogramas não seriam
alterados?"
É bom falar de tempos em tempos sobre a prevenção da Aids. Embora hoje em dia muita
gente esteja informada sobre o assunto, a gente sabe que, se o tema não for discutido, corre
o risco de ser esquecido, como se o problema
não existisse.
Se você usou proteção em todas as suas relações sexuais,
a chance de você ter se contaminado com o HIV é praticamente nula. A camisinha é um método confiável de proteção, desde que ela seja usada desde o início da transa. Na
dúvida se você se protegeu sempre, vale a pena fazer um
teste.
Mas você disse que não fez esse teste porque tem medo
de um resultado errado. Será que o medo é esse mesmo?
De fato, em medicina, excepcionalmente, os resultados de
alguns tipos de teste podem não ser sempre precisos. Embora, hoje, em relação ao HIV, os laboratórios refaçam
um teste suspeito e até usem outras metodologias antes de
confirmar um resultado positivo. Não é comum que escape um resultado "falso positivo".
Será que, no fundo, você não está apenas procurando
evitar o teste para não ter que se angustiar com a espera do
resultado? E, para não fazer o exame, fica arrumando explicações racionais?
O exame de sangue comum (hemograma) conta nossas
células sangüíneas (série vermelha
e série branca). Uma pessoa contaminada pelo HIV pode passar anos
sem ter alterações significativas em
suas contagens. Por isso, esse exame não é confiável para o diagnóstico. Para saber se você foi contaminado, o exame de escolha é a sorologia para a Aids (que dosa os
anticorpos em seu sangue contra o
HIV). Fica a dica: procure o médico e peça o exame.
Antes de terminar, respondo a
uma crítica recebida pela coluna na
última semana sobre a repetição na
abordagem do tema da camisinha.
Vale a pena dizer que, embora, os
jovens saibam da importância da
proteção, na hora H, muitas vezes,
essa informação fica guardada na gaveta.
Talvez o melhor jeito seja descobrir fórmulas de aproximar o universo da camisinha das vivências reais e afetivas
dos jovens. E isso, com certeza, a coluna tenta há quase 12
anos, respondendo semanalmente o que, de fato, nossos
leitores perguntam. E se a dúvida é camisinha, a
explicação tem que ser dada, não é mesmo?
E-mail: jbouer@uol.com.br
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