São Paulo, segunda-feira, 10 de outubro de 2011

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CAPITÃES DA TELA

ONIPRESENTE NAS ESCOLAS, "CAPITÃES DE AREIA" CHEGA AO CINEMA

Divulgação
os capitães Professor (Robério Lima), Dora (Ana Graciela) e Pedro Bala (Jean Luis Amorim)

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE SÃO PAULO

"Crianças ladronas!", alardeiam os jornais. Mas esses meninos de rua preferem outro nome: Capitães da Areia. Naquele pedaço da Bahia, quem manda são eles.
Vai, pode confessar: se a história aí em cima lhe parecer familiar, é porque um professor provavelmente obrigou você a ler o livro na escola.
Jorge Amado tinha 24 anos quando lançou "Capitães da Areia", em 1937. Obrigatório nos vestibulares da Fuvest e da Unicamp, o livro que conta as desventuras de Pedro Bala e sua gangue chegou ao cinema na sexta-feira, sob direção de Cecília Amado, 33.
Neta de Jorge, ela se diverte com a reação de jovens no Twitter: "Bom que saiu o filme, não vou precisar ler o livro!"
Bobagem. Só tem a perder quem deixar de lado a obra de Amado, o vô. E Cecília garante que o apelo da história não caducou no século 21.
Ela própria, ao ler "Capitães" pela primeira vez, aos 14, atraiu-se pela liberdade da garotada que morava num galpão na praia, sem adultos para ditar o que podiam ou não fazer. "Descobrir o mundo sem alguém por trás? Todo mundo quer isso!"
Para quem vê de fora, a trupe não é flor que se cheire: dissimula, rouba e é capaz até de passar a perna em velhinhas bem-intencionadas.
Eles, contudo, se veem como uma família que precisa cuidar de seus membros. Sabem que, nas ruas de Salvador, a vida sempre dá rasteiras, como aquelas da capoeira que tanto gostam de praticar.
O líder é Pedro Bala, vivido por Jean Luis Amorim, 17. O personagem foi amaciado para o cinema -no livro, ele chega a estuprar uma garota.
Como tantos atores do filme, Jean foi encontrado numa comunidade soteropolitana, a Pela Porco. Antes do papel, nunca tinha ouvido falar do livro de Amado.
Virou fã. Hoje, ele trabalha com colegas de elenco numa adaptação teatral com a cara do século 21. "Tem muita coisa nova nas ruas, como crack e extermínio de menores", diz.
Para os capitães de hoje, a areia é ainda mais movediça. E se agarrar à amizade pode ser a boia de salvação.



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