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São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2003

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MÚSICA

Torcida do Atlético Mineiro une paixão por rock e por gol

Desafio ao galo

RICARDO TIBIU
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Há oito anos, Marcelo Tripa, 28, teve a idéia de unir duas paixões: o time do coração (Atlético Mineiro) e a música (rock). O amigo Matheus Marotta, 25, compartilhava das preferências, e assim nasceu a Torcida Organizada Galö Metal, hoje com 1.300 sócios.
"Para entrar, tem de ser doente pelo "galo" e ter rock na veia", diz Tripa, presidente da torcida desde o início. Em maio deste ano, a torcida lançou uma coletânea intitulada "Galö Metal Torcida Organizada", que dá de goleada em muitas por aí.
Foram feitas somente duas exigências para as 13 bandas participantes: que tivessem qualidade musical e que a maioria dos integrantes torcesse para o "galo". Curiosamente, a excelente faixa de abertura, "Alma Preta & Branca", do Eminence, foi composta por um cruzeirense. O ex-Sepultura Jairo Guedes assina a letra que tem um refrão avassalador. "A gente brinca que, no fundo da alma, ele é atleticano", diz Tripa.
Assim como no gramado e na arquibancada, no CD as mulheres também têm seu espaço. Ele é representado pelo rock'n'roll suingado do quarteto Maria Pretinha e pelas meninas do Caution, que mostram um metal pesado em "Tributo ao Rei". A homenagem ao craque Reinaldo Lima tem letra de Matheus Marotta, que era vice-presidente da Galö até julho. "Nunca tive banda nem toco nenhum instrumento. Aproveitei a oportunidade para homenagear um dos maiores atacantes da história do futebol brasileiro", diz Marotta.
Na ala do hardcore, o Reffer apresenta melodia e técnica. Difícil não ficar com o refrão de "3 Pontos" na cabeça. Essa foi a primeira música em português que eles gravaram e a última da história da banda, já que, infelizmente, ela encerrou as atividades. O Los Ws narra um breve histórico do "galo", enfatizando que o time foi o primeiro Campeão Brasileiro, em 1971. E o Carahter comparece com "Chama Alvinegra", um metalcore agressivo, que, de forma inteligente, mescla o engajamento com o afeto ao time.
Na vertente mais extrema do metal, o Perpetual Dusk, além de ser a única da coletânea cantada em inglês, surpreende com um black metal atual, na linha de Dimmu Borgir. A épica "Symbol of Glory (The Trust on Victory)" demonstra que a banda tem futuro promissor dentro do estilo. My Fault e Nervus se juntam para escalar o "Galo de Todos os Tempos", e Comboio une suas guitarras distorcidas às rimas do rapper Márcio Berruga, do Guetto Sound. Também entram em campo o hard rock do Concreto, o new metal do Hífen, o heavy melódico do Vienna e o groove metal de Vinícius Gezebel.
E com a Galö Metal não tem bola fora. Em 98, Tripa conheceu o craque Reinaldo Lima e Paulo Jr, baixista do Sepultura. Para celebrar as novas amizades, teve a idéia de fazer uma partida amistosa entre ex-jogadores do time e a banda. A primeira aconteceu no ano seguinte, e a brincadeira deu tão certo que hoje em dia tem um papel social. O "Jogo de Estrelas" virou um evento beneficente, e, neste ano, até o rival Cruzeiro entrou na roda. O próximo jogo será realizado no dia 20 de dezembro no Estádio Independência, em Belo Horizonte (MG). É correr para o abraço.
Contatos: www.galometal.cjb.net e www.jogodeestrelas.com.br


Para ouvir trechos das músicas da coletânea "Galö Metal", ligue para 0/xx/11/3471-4000 e digite 4 -música/lançamentos. Custo: só o da ligação


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