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MÚSICA
Torcida do Atlético Mineiro une paixão por rock e por gol
Desafio ao galo
RICARDO TIBIU
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Há oito anos, Marcelo Tripa, 28, teve a idéia de unir duas paixões: o
time do coração (Atlético Mineiro)
e a música (rock). O amigo Matheus
Marotta, 25, compartilhava das preferências, e assim nasceu a Torcida
Organizada Galö Metal, hoje com
1.300 sócios.
"Para entrar, tem de ser doente
pelo "galo" e ter rock na veia", diz
Tripa, presidente da torcida desde o
início. Em maio deste ano, a torcida
lançou uma coletânea intitulada
"Galö Metal Torcida Organizada",
que dá de goleada em muitas por aí.
Foram feitas somente duas exigências para as 13 bandas participantes: que tivessem qualidade musical e que a maioria dos integrantes
torcesse para o "galo". Curiosamente, a excelente faixa de abertura,
"Alma Preta & Branca", do Eminence, foi composta por um cruzeirense. O ex-Sepultura Jairo Guedes
assina a letra que tem um refrão
avassalador. "A gente brinca que,
no fundo da alma, ele é atleticano",
diz Tripa.
Assim como no gramado e na arquibancada, no CD as mulheres
também têm seu espaço. Ele é representado pelo rock'n'roll suingado do quarteto Maria Pretinha e pelas meninas do Caution, que mostram um metal pesado em "Tributo
ao Rei". A homenagem ao craque
Reinaldo Lima tem letra de Matheus Marotta, que era vice-presidente da Galö até julho. "Nunca tive
banda nem toco nenhum instrumento. Aproveitei a oportunidade
para homenagear um dos maiores
atacantes da história do futebol brasileiro", diz Marotta.
Na ala do hardcore, o Reffer apresenta melodia e técnica. Difícil não
ficar com o refrão de "3 Pontos" na
cabeça. Essa foi a primeira música
em português que eles gravaram e a
última da história da banda, já que,
infelizmente, ela encerrou as atividades. O Los Ws narra um breve
histórico do "galo", enfatizando que
o time foi o primeiro Campeão Brasileiro, em 1971. E o Carahter comparece com "Chama Alvinegra",
um metalcore agressivo, que, de
forma inteligente, mescla o engajamento com o afeto ao time.
Na vertente mais extrema do metal, o Perpetual Dusk, além de ser a
única da coletânea cantada em inglês, surpreende com um black metal atual, na linha de Dimmu Borgir.
A épica "Symbol of Glory (The
Trust on Victory)" demonstra que a
banda tem futuro promissor dentro
do estilo. My Fault e Nervus se juntam para escalar o "Galo de Todos
os Tempos", e Comboio une suas
guitarras distorcidas às rimas do
rapper Márcio Berruga, do Guetto
Sound. Também entram em campo
o hard rock do Concreto, o new metal do Hífen, o heavy melódico do
Vienna e o groove metal de Vinícius
Gezebel.
E com a Galö Metal não tem bola
fora. Em 98, Tripa conheceu o craque Reinaldo Lima e Paulo Jr, baixista do Sepultura. Para celebrar as
novas amizades, teve a idéia de fazer
uma partida amistosa entre ex-jogadores do time e a banda. A primeira aconteceu no ano seguinte, e
a brincadeira deu tão certo que hoje
em dia tem um papel social. O "Jogo
de Estrelas" virou um evento beneficente, e, neste ano, até o rival Cruzeiro entrou na roda. O próximo jogo será realizado no dia 20 de dezembro no Estádio Independência,
em Belo Horizonte (MG). É correr
para o abraço.
Contatos: www.galometal.cjb.net e www.jogodeestrelas.com.br
Para ouvir trechos das músicas da coletânea
"Galö Metal", ligue para 0/xx/11/3471-4000
e digite 4 -música/lançamentos. Custo: só
o da ligação
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