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São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2003

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SHOW

Vegetarianos comemoram sete anos de Verdurada

Os punks também comem soja

MARCOS DÁVILA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Ideologia punk, ações sociais, hardcore e muita proteína de soja formam a base de sustentação da comunidade "straight edge" paulistana, que realiza no próximo domingo (16/11) mais uma Verdurada no bairro do Jabaquara.
O festival, que acontece desde 1996, conta com apresentações de bandas, palestras com temas sociais e políticos, venda de discos, camisetas e fanzines e, ao final, um grande jantar vegetariano.
"Seguimos o lema punk "do it yourself" ("faça você mesmo'). A gente faz tudo sem nenhum patrocínio, desde alugar o palco até fazer a comida", diz o designer gráfico Tagori Mazzoni, 25, um dos organizadores do evento. Segundo Mazzoni, o jantar serve para mostrar que a comida vegetariana também pode ser muito saborosa. "As pessoas pensam que a gente só come mato e arroz integral, mas preparamos pratos bem diversificados, como hambúrguer de soja e feijoada vegetariana", diz Mazzoni.
O termo "straight edge" -retirado da canção homônima do grupo Minor Threat- surgiu nos anos 80, na cena hardcore de Detroit, nos EUA, para denominar um grupo de punks que não consumia álcool, cigarros e drogas.
Além disso, a grande maioria dos "straight edge" é vegetariana, de preferência "vegan" -aqueles que não consomem nenhum tipo de derivado animal, como leite e ovos.
O vendedor Leandro Jimmy, 21, um dos organizadores da Verdurada, conta que parou de comer carne no início de 1999, depois que começou a frequentar shows de "straight edge".
"Li alguns fanzines que mostravam tortura de animais e como a carne reage no nosso corpo. Decidi parar", afirma.

Ação social
Outro aspecto importante do coletivo Verdurada é o engajamento social. "A gente não quer fazer apenas entretenimento com comida no final", afirma Mazzoni. Por isso o evento sempre conta com um convidado especial para um bate-papo, além de separar R$ 1 do ingresso para ajudar movimentos sociais nos quais eles acreditam. "Já compramos material para um grupo do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) reformar um prédio ocupado na avenida Nove de Julho", diz o músico e biólogo Paulo Sérgio Sangiorgio Jr., 25, que faz parte do coletivo.
Essa preocupação social também é bandeira da banda holandesa Seein" Red, a grande atração da próxima Verdurada, que conta ainda com os brasileiros Contracultura, Massacre em Alphaville, Flama e Constrito, e com uma palestra com o vocalista da banda punk israelense Dir Yassin sobre os conflitos no Oriente Médio. "Nós somos as pessoas que contam. Temos o poder de mudar coisas e de parar todas as desigualdades do sistema político atual", afirma Paul Roberto van den Berg, vocalista e guitarrista do Seein" Red.
O festival acontece no próximo domingo (16/11), a partir das 16h, na rua Anita Costa, 155, ao lado do Metrô Jabaquara. A entrada custa R$ 6, e quem for de bicicleta ganha desconto de R$ 1. Vale lembrar que é proibido fumar cigarros, consumir bebidas alcoólicas e usar qualquer tipo de droga no local. Para mais informações acesse o site www.verdurada.org.



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