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São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2003

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SEXO E SAÚDE

"Tenho 20 anos e não uso drogas. Mas, na última semana, fui a uma rave e tomei dez comprimidos de um remédio combinados com vodca. Fiquei eufórico, sem coordenação, vi raios e fiquei com a boca seca. Como estava alterado, fumei maconha também. Fiquei acordado mais de 38 horas. Estou melhor, mas não estou 100%. Ando meio trêmulo. Foi a pior sensação da minha vida e não recomendo a ninguém. Vou ter sequelas?"

Quem fica loucão na balada pode acabar em roubada

JAIRO BOUER
COLUNISTA DA FOLHA

Legal que você chegou à conclusão de que tomar remédios sem o menor critério e misturar drogas é ruim. Nada como uma experiência desagradável para fazer com que a pessoa modifique seu comportamento.
Muitos jovens acabam experimentando drogas por curiosidade. Numa festa, por exemplo, agem por impulso, querem imitar os amigos e podem se dar mal. Nas baladas, é comum encontrar gente que nem pensava em usar drogas, mas que acaba experimentando.
Na busca por novidades, muitos podem acabar fazendo bobagens, como tomar remédios. Quando esses medicamentos são misturados com o álcool, o efeito pode ser até mais intenso e trazer ainda mais riscos para a saúde.
Os remédios são comprados em farmácias, e as pessoas burlam a necessidade de receita médica. Remédios que, em altas doses, podem trazer efeitos complicados são facilmente achados nas farmácias do bairro.
Os efeitos vão depender do medicamento. Mas, em geral, a pessoa pode ter euforia, alucinações visuais, perda de sono, boca seca etc.
No meio da festa, você acabou experimentando maconha porque já estava alterado e, provavelmente, tinha sua capacidade de avaliar riscos bastante comprometida. Dirigir de forma imprudente, transar sem camisinha, usar outras drogas e se envolver em brigas são exemplos de comportamentos de risco que podem aparecer nessas horas.
O "ficar ligado" e não conseguir dormir é situação comum entre pessoas que saem na madrugada e experimentam drogas. Não é fácil mesmo pegar no sono com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Depois da fase eufórica, a pessoa pode passar alguns dias meio para baixo. Um episódio único como esse que você conta dificilmente deixa sequelas. Mas ele serve de alerta para que você não repita o que fez! Também é preciso lembrar que algumas pessoas podem se envolver num acidente mais grave quando sob a ação de drogas.
Moral da história: muita gente vacila nessa hora. Nada de ficar tomando remédios, misturando drogas ou explorando substâncias produzidas em laboratório sobre as quais não se tem informação. Dá para ir às baladas e se divertir sem isso.


Jairo Bouer, 37, é médico. Se você tem dúvidas sobre saúde, escreva para o Folhateen ou para jbouer@uol.com.br


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