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MÚSICA
Em inglês e espanhol, o "multinacional" Kevin Johansen,
hit entre universitários no país vizinho, agora quer
desembarcar no Brasil com CD e shows
O argentino que veio do Alaska
SYLVIA COLOMBO
EDITORA DO FOLHATEEN
"Sur o no Sur?" (sul ou não sul). Foi
com um trocadilho que brincava
com Shakespeare ("ser ou não
ser"), que Kevin Johansen, 39, despontou
no cenário pop mundial, em 2002.
A pergunta metida a engraçadinha, porém, carregava a dúvida desse sujeito com
nome de gringo que nasceu no Alaska,
cresceu entre os EUA e Buenos Aires e sempre quis saber o que significa ter uma nacionalidade nos dias de hoje.
"Considerava-me um "argenteenager"
que, por acaso, nasceu no Alaska", conta à
Folha o músico, que também já morou em
Nova York e Montevidéu.
Kevin gosta de passar o tempo mais ou
menos como você está vendo aí na foto.
Com jeitão zen e sempre de olho no que
acontece nas ruas (é claro que não necessariamente em cima de um ônibus...).
"City Zen", o novo CD com a banda The
Nada (brincadeira com a expressão "de nada"), mescla letras cômicas em inglês e espanhol ao som de gêneros latinos (tango,
milonga, cumbia, MPB) e pop. "Uma cidade, uma metrópole, é uma desculpa perfeita para mexer com mil estilos e línguas,
porque está tudo ali misturado enquanto o
lugar continua sendo um só." Adorado pelo público universitário argentino, Kevin já
fez turnês pelos EUA e Europa.
O cantor diz que usa o humor como ferramenta para que suas letras toquem fundo. "É um véu perfeito sob o qual se pode
fazer muita ironia." Em "Buenos Aires Anti-Social Club", por exemplo, ele toca na
grande ferida dos portenhos, a de carregarem a fama internacional de esnobes. "Lo
que mata es la humildad" (o que mata é a
humildade), ele canta, brincando com uma
frase típica dos habitantes da capital argentina nos meses de inverno, "lo que mata es
la humedad" (o que mata é a umidade).
Em "Athaualpa, you Funky", o jogo de
palavras sacode a tradição musical argentina, ao embaralhar o nome de Athaualpa
Yupanqui, uma legenda folclórica nacional, com o funk e o rock. Até o Brasil é tocado pelos trocadilhos, em "Tom Zen", divertida homenagem a Tom Zé.
Influenciado pelo amigo uruguaio Jorge
Drexler (vencedor do Oscar de melhor música), que adora tocar aqui, o argentino planeja desembarcar no Brasil em breve, com
CD e show na bagagem. Vale a espera.
CITY ZEN. Artista: Kevin Johansen + The Nada.
Lançamento: Sony (US$ 18). Onde encomendar:
www.amazon.com
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