São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 2005

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MÚSICA

Em inglês e espanhol, o "multinacional" Kevin Johansen, hit entre universitários no país vizinho, agora quer desembarcar no Brasil com CD e shows

O argentino que veio do Alaska

SYLVIA COLOMBO
EDITORA DO FOLHATEEN

"Sur o no Sur?" (sul ou não sul). Foi com um trocadilho que brincava com Shakespeare ("ser ou não ser"), que Kevin Johansen, 39, despontou no cenário pop mundial, em 2002.
A pergunta metida a engraçadinha, porém, carregava a dúvida desse sujeito com nome de gringo que nasceu no Alaska, cresceu entre os EUA e Buenos Aires e sempre quis saber o que significa ter uma nacionalidade nos dias de hoje.
"Considerava-me um "argenteenager" que, por acaso, nasceu no Alaska", conta à Folha o músico, que também já morou em Nova York e Montevidéu.
Kevin gosta de passar o tempo mais ou menos como você está vendo aí na foto. Com jeitão zen e sempre de olho no que acontece nas ruas (é claro que não necessariamente em cima de um ônibus...).
"City Zen", o novo CD com a banda The Nada (brincadeira com a expressão "de nada"), mescla letras cômicas em inglês e espanhol ao som de gêneros latinos (tango, milonga, cumbia, MPB) e pop. "Uma cidade, uma metrópole, é uma desculpa perfeita para mexer com mil estilos e línguas, porque está tudo ali misturado enquanto o lugar continua sendo um só." Adorado pelo público universitário argentino, Kevin já fez turnês pelos EUA e Europa.
O cantor diz que usa o humor como ferramenta para que suas letras toquem fundo. "É um véu perfeito sob o qual se pode fazer muita ironia." Em "Buenos Aires Anti-Social Club", por exemplo, ele toca na grande ferida dos portenhos, a de carregarem a fama internacional de esnobes. "Lo que mata es la humildad" (o que mata é a humildade), ele canta, brincando com uma frase típica dos habitantes da capital argentina nos meses de inverno, "lo que mata es la humedad" (o que mata é a umidade).
Em "Athaualpa, you Funky", o jogo de palavras sacode a tradição musical argentina, ao embaralhar o nome de Athaualpa Yupanqui, uma legenda folclórica nacional, com o funk e o rock. Até o Brasil é tocado pelos trocadilhos, em "Tom Zen", divertida homenagem a Tom Zé.
Influenciado pelo amigo uruguaio Jorge Drexler (vencedor do Oscar de melhor música), que adora tocar aqui, o argentino planeja desembarcar no Brasil em breve, com CD e show na bagagem. Vale a espera.

CITY ZEN. Artista: Kevin Johansen + The Nada. Lançamento: Sony (US$ 18). Onde encomendar: www.amazon.com


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