|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
02 NEURÔNIO
>> Jô Hallack >>Nina Lemos >> Raq Affonso
02neuronio@uol.com.br
http://02neuronio.blog.uol.com.br/
Carta aberta de apoio aos emos
QUERIDO AMIGO EMO,
Vimos por meio desta dar o nosso
apoio público a você. Entendemos, inclusive, que você, apesar de ser
emo, vai ler essa carta e achar que ela não foi
escrita para você, já que você, apesar de ouvir
músicas melancólicas, pintar os olhos e ter o
cabelo escorrido e pintado de preto, não se
considera emo.
Sabemos que quando alguém te chama de
"emo" você diz: "Não, eu não sou isso!". Mas
no fundo você fica feliz por ser chamado assim. Só que não conta para ninguém. E te entendemos de
todo o coração.
Como sabemos disso? Ah, porque fomos dark, lá pelo fim
dos anos 80. E os emos são uma versão contemporânea dos
darks. Também usávamos só roupas pretas e gostávamos de
músicas tristes, que dançávamos olhando para a parede. A
verdade é que ainda ouvimos os mesmos sons e ainda dançamos olhando para a parede, em casa.
Por que viemos dar nosso apoio público a você que é emo,
apesar de não admitir? Ah, porque vocês viraram o saco de
pancada do mundo, o que é tremendamente injusto. Vocês
são bacanas para caramba. Um milhão de vezes mais legais
que aqueles playboyzinhos que xingam vocês. Três bilhões
de vezes mais legais que os babacas da escola que te dão porrada. Tenham certeza disso.
As pessoas dizem que vocês reclamam sem motivo e são
tristes demais. Mas vamos combinar. Qual ser humano não
tem razão para reclamar? E a melancolia pode ser bonita. E
também existe um milhão de motivos para não se vestir
igual a todo mundo (e só igual aos seus amigos).
A mais óbvia delas é que é legal mostrar com a roupa o
nosso estado de espírito. Tem uma canção dos Smiths que
diz: "Eu me visto de escuro porque é assim que me sinto".
Amigo Emo que não assume que é emo, quando você estiver na rua e algum playboy mexer com você e te humilhar,
lembre da gente.
Duas das autoras deste
trio já foram atacadas na
rua com uma torta de
chantili jogada na cara. Só
porque estávamos sentadas na rua. E conversando. E vivendo. E sendo a
gente.
Não sabemos se vamos
ajudar. Mas estamos com
vocês. É sério.
O nosso abraço mais
apertado e sentido.
Momento de histeria
O mundo é um moinho
Texto Anterior: Menina joga também, e faz bonito Próximo Texto: Música: Luxúria em pessoa Índice
|