São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2008

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televisão

Cultura black

Reportagem do Folhateen visita os bastidores do programa "Manos e Minas"

JULIANA CALDERARI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Salve, salve. É tarde de segunda-feira e a porta do teatro Franco Zampari, no bairro da Luz, está lotada. Manos e minas, vindos de toda a grande São Paulo, estão à espera de um lugar no auditório.
Calças largas, bonés e camisetas de times de basquete americanos estão no corpo de dez entre cada nove meninos.
Nelas, nada de visual largado. A produção dos cabelos supermontados dura um tempão. Katia do Nascimento, 20, levou 12 horas para trançar a cabeleira colorida, amarrada numa espécie de coque. "Minha prima, que é cabeleireira, precisou de dois turnos de seis horas cada um para terminar", confessa a estudante de pedagogia. Certo?
Na entrada, cada membro das caravanas recebe um sanduíche e um refrigerante, para manter a animação durante as gravações. Com a platéia sentada no seu devido lugar, um produtor avisa: "Por favor não falem palavrão. De resto, é pra botar a boca mesmo!".
E assim começa o programa "Manos e Minas", da TV Cultura, que tem como tema a cultura negra. "Existe muita criatividade na periferia e queríamos mostrar que lá não tem só desgraça", explica o editor do semanal, Ramiro Swetsch.
"Salve, rapa!", cumprimenta Rappin" Hood, o apresentador. Logo após, entra em cena a atração musical do dia, o cantor Bebeto, da velha guarda do samba-rock, botando a platéia para dançar o som feito ao vivo.
"Quem gostou faz barulho!", ordena Rappin" Hood. E vamos para o intervalo.
"Manos e minas, hey, manos e minas, hou!", canta Rappin" Hood, junto com o auditório, na volta dos reclames. Passada a euforia, Bebeto conta como surgiu o samba-rock, também chamado de suingue, nos anos 70. Depois da aula de história da música, chega a vez do quadro quinzenal "Rolê do Buzão", escrito assim mesmo, com z, em referência ao apresentador Alessandro Buzo. No seu "rolê" na periferia da cidade, o escritor mostra projetos e eventos ligados à cultura negra.
Revezando com Alessandro, o também escritor Ferréz comanda outro quadro quinzenal, o "Interferência". Da barraca do Saldanha, no Capão Redondo, bairro onde mora, Ferréz entrevista convidados como o escritor Fernando Bonassi, a cantora Negra Li e o poeta Arnaldo Antunes. Terminadas as entrevistas, mais uma pausa, porque ninguém é de ferro.
Bebeto manda mais uma, e a estrela da vez é a Priscilla Araújo, 29. "Prila", como é conhecida nas ruas, conta como foi o último encontro de grafiteiras em São Paulo, promovido pelo grupo Grafiteiras BR. Enquanto isso, pinta um painel que fará parte do cenário do programa, ao lado de 14 outros artistas que já passaram por lá.
O programa vai acabando, e Rappin" Hood agradece mais uma vez a "todos os irmãos que representam os elementos do hip hop" e termina o programa fazendo um rap do clássico do samba-rock "Segura a Nêga", em parceria com Bebeto. O público se despede. Salve, salve.

BALADAS DE BLACK MUSIC

Vejas as sugestões de baladas black dadas pelo "Manos e Minas" e pela platéia do programa
Clube do Samba Rock
- Às quartas-feiras, das 18h às 24h
- Picasso Bar (r. Álvaro de Carvalho, 35, Centro; 18 anos; R$ 15; tel. 3104-9103)
- www.noitesdocentro.com.br

Rua do Samba Paulista
- Nas tardes do último sábado do mês, referências do samba paulista se reúnem em uma roda no centrão da cidade
- Das 14h às 20h.
- Largo General Osório, Luz; livre; grátis

Grazie a Dio!
- Baladas de black music ao som de soul, funk, sambarock e blues
- Às terças e quartas, às 22h, e de quinta a domingo, às 23h
- R. Girassol, 67, Vila Madalena; 18 anos; de R$ 15 a R$ 20; tel. 3031-6568)
- www.grazieadio.com.br

Mood Club
- Às sextas-feiras, às 23h, a festa "Black Mood" traz hip hop, black e underground. Aos sábados, às 22h, na festa "SamBlack Mood", um DJ toca black music em uma das pistas, enquanto shows de samba e de samba-rock acontecem na segunda pista da casa
- R. Teodoro Sampaio, 1.109, R$ 5 a R$ 30, preço varia de acordo com o dia, atração e horário; tel. 3060-9010)
- www.moodclub.com.br

Dolores Bar
- A tradicional casa especializada em black music toca hip hop, soul, reggaeton, samba-rock e r&b
- R. Fradique Coutinho, 1.007, Pinheiros; 18 anos; de R$ 10 a R$ 40; tel. 3812-6519
- Às sextas e aos sábados, das 22h até o último cliente
- www.doloresbar.com


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