São Paulo, Segunda-feira, 11 de Outubro de 1999
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VÁ CORRENDO COMPRAR
A banda lança seu quinto disco com um pé no Japão e outro em Minas
Pato Fu...lminante

CLAUDIA ASSEF
da Reportagem Local

A ascendência japonesa da vocalista Fernanda Takai nunca esteve tão presente no Pato Fu. Em "Isopor", o quinto álbum da banda mineira, o clima nipônico incide sobre o visual da banda -nas fotos da capa e do encarte- e sobre a sonoridade do disco.
A começar pela primeira faixa, "Made in Japan", uma homenagem confessa à dupla japonesa Pizzicato Five. "Tenho vários CDs do Pizzicato Five, que, aliás, tem até as mesmas iniciais de Pato Fu!", constata a amapaense Fernanda, 28, a única "não-mineira" da banda. "Adoro as melodias felizes e o uso que fazem de samplers e de edição eletrônica."
Segundo ela, a banda tinha um ótimo "álibi" para fazer uma música em japonês: já tinham gravado músicas em outras línguas. E o fato de Fernanda ser neta de japoneses -por parte de pai- só ajudou a levar a idéia adiante. "Ficou ainda mais legal tentar fazer algo inusitado nessa língua."
O guitarrista e criador do Pato Fu, John, se encarregou de escrever a letra, que lembra roteiro de filme do Godzilla. Fala da vingança tecnológica do Japão sobre o resto do mundo, depois de o país ter sido bombardeado durante a Segunda Guerra Mundial. A versão que está no disco, cantada em japonês, foi escrita por Robinson Mioshi, web master da home page oficial da banda.

"Viva o download grátis!"
A influência do Japão se arrasta até o final do CD, mas em forma de tecnologia. ""Isopor" tem coisas essencialmente eletrônicas", avalia Fernanda.
"Sempre reclamamos da dificuldade que era fazer música no Brasil porque tudo chegava aqui atrasado. Mas, com o mundo conectado, ficou bem mais fácil", acredita.
"Hoje podemos criar e produzir como qualquer banda de outro país. Viva o download amostra grátis!", comemora a vocalista.
Internauta de carteirinha, Fernanda conta que o Pato Fu tem tirado grande proveito da rede. "Estou irremediavelmente contaminada por essa nova tecnologia. Tenho um notebook, que carrego comigo pra todo lado", admite Fernanda. Ela diz ainda que faz questão de responder pessoalmente a todos os e-mails que a banda recebe.
A parceria com o produtor Dudu Marote, que teve início com o disco "Televisão de Cachorro", de 97, também colaborou para moldar a sonoridade moderninha de "Isopor".
"A gente se afinou mais, trabalhamos com os mesmos equipamentos desta vez. Nós, em casa, na pré-producão. E ele, em estúdio. Nos últimos dois anos temos trocado muita informação sobre sons, programas de computador e equipamentos."
Apesar da injeção de tecnologia no som, Fernanda diz que o Pato Fu gosta mesmo é de misturar o novo com o tradicional. "Às vezes, usamos timbres bem antigos numa programação eletrônica atual", exemplifica.
Outra influência que se nota em "Isopor" é a banda pop sueca Cardigans. Na música "O Filho Predileto do Rajneesh", o "corinho" foi inspirado neles. "Gosto da sonoridade da banda e da maciez da voz de Nina Persson."
As músicas do CD foram escritas -a maioria por John- na estrada, durante a turnê de "Televisão de Cachorro", que, aliás, ainda não acabou.
"Esta é a maior turnê da nossa carreira. Serão mais de 150 shows em pouco mais de um ano", diz.
Segundo ela, fica mais fácil escrever música quando se está viajando. "O John, que é o principal compositor, anda sempre com um caderninho, anotando tudo. Viajar cansa, mas inspira."
A capa do disco, que mostra John, Fernanda, Xande (baterista) e Ricardo (baixista) deitados sobre uma "cama" de isopor, foi feita com a intenção de imitar os álbuns brancos de outros artistas.
"Sempre gostamos da idéia de fazer o nosso álbum branco", conta. Para ela, os álbuns brancos sempre trazem o "filé" das bandas. "Foi assim com Beatles, Queen, Radiohead."

"Patofans"
Os fãs internautas do Pato Fu tomaram uma iniciativa inovadora para divulgar a banda na rede. Formaram um pool de sites e compraram um domínio -um endereço próprio- na Internet, onde é possível encontrar tudo sobre o Pato Fu.
Além de informações, fotos, relatórios de shows, cartões e chats, há um site totalmente dedicado a curiosidades, que traz, por exemplo, uma entrevista com a mãe da Fernanda. As páginas estão hospedadas no endereço www.patofans.com.br.
Quem quiser informações sobre datas de apresentações também pode fuçar nos sites do Pato. Mas, por enquanto, nada de show novo. A turnê de "Isopor", com cenário e repertório novos, só começa em novembro.


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