São Paulo, segunda-feira, 11 de outubro de 2004

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ESPORTE

Chamado de "Roonaldo", Wayne Rooney é de Liverpool e também quer virar rei

John, Paul, George, Ringo e Rooney?

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

Dizem que o paralelo é o seguinte: se os Beatles saíram de Liverpool para tomar de Elvis Presley o título de rei do rock, agora é a vez de Wayne Rooney surgir na mesma Liverpool para arrancar Pelé do trono de maior mito do futebol.
Não se sabe ao certo o quanto os apaixonados ingleses realmente acreditam nisso, mas o fato é que a "rooneymania" está fazendo história no futebol britânico.
No futebol, nos tablóides sensacionalistas e na música pop. Parece que o pessoal enjoou de David Beckham.
Adolescente talentoso e instável emocionalmente, Rooney tem só 18 anos e é um furacão. Em poucos meses, virou herói nacional, se envolveu com prostitutas (embora noivo), mudou-se do pequeno clube Everton para o poderosíssimo Manchester United e foi convidado para cantar no show do astro Robbie Williams.
Uma máquina de fazer gols, Rooney há dois anos jogava bola nas ruas de Liverpool. Enquanto Beckham turbinava sua carreira de modelo aparecendo em outdoors por toda a Ásia, Roon (como os tablóides ingleses costumam chamá-lo) passava nos testes para jogar no seu clube de infância, o Everton.
No ano seguinte, o passado, logo em fevereiro, Roon se tornou o mais novo jogador a vestir a camisa da seleção inglesa. E, em junho, quebrou o recorde de "o mais novo jogador a começar como titular com a camisa...". Em setembro, "o mais novo a marcar um gol pela seleção...".
Wayne virou para 2004 como promessa e continuou assim até chegar a Eurocopa, o torneio de seleções européias disputado no meio do ano em Portugal. E lá explodiu.
Seus gols tiraram a Inglaterra do marasmo e a colocaram nas quartas-de-final da competição. Em um jogo contra a Suíça, mais um recorde. Foi o mais novo jogador a marcar gol numa Copa européia. Aí virou o Pelé 2º, segundo manchete do jornal "The Sun". Mas quebrou um dedo do pé contra Portugal. E, sem seu menino prodígio, a Inglaterra afundou.

Escândalo nos tablóides
Longe dos gramados, o craque não deixou de ser assunto. O jornal "Sunday Mirror" publicou vasta reportagem revelando que Rooney era assíduo freqüentador de um prostíbulo do subúrbio de Liverpool. Entrevistas com garotas da casa, fotos do jogador no lugar e ainda uma imagem do seu quarto preferido foram vistas por todo o Reino Unido. Escândalo nacional.
O caso não arranhou a fama do jogador no futebol, mas custou um noivado de menos de um ano.
Quando seu dedo quebrado não estava mais quebrado, Pelé 2º (ou "Roonaldo", seu outro apelido) já estava em outro time. Num negócio que envolveu a soma de quase US$ 50 milhões (o Kaká saiu do São Paulo por US$ 9), Rooney trocou o modesto Everton pelo bilionário e popularíssimo Manchester United.
Na manhã seguinte em que a transação foi concluída, os muros do Everton amanheceram pichados com ameaças de morte contra aqueles que estavam envolvidos na venda do agora ex-ídolo do clube.
No último dia 28 de setembro, Rooney fez sua estréia no Manchester. Logo em um jogo da Copa dos Campeões, o mais cobiçado torneio de clubes do mundo.
O Manchester United ganhou por 6 a 2 do Fenerbahçe, da Turquia. Rooney marcou três gols, fazendo o "hat trick" -como os ingleses chamam a glória de marcar três vezes em um mesmo jogo.
No final da partida, Rooney trocou camisas com o brasileiro Marco Aurélio, um jogador com passagens pelo Flamengo e que hoje joga no time turco.
Na Inglaterra, um expert em leilão de memorabilias esportivas garantiu que a camisa valeria lances mínimos de US$ 20 mil.

Astro pop
O sucesso de Rooney tem chamado a atenção até mesmo de nomes célebres da música pop. O cantor Robbie Williams, por exemplo, convidou o jogador para cantar em um de seus shows, mas Rooney não se arriscou.
Afinal, o que Williams queria, na verdade, era apenas irritar os irmãos do Oasis, seus desafetos, que são fanáticos torcedores do Manchester City, time rival do United.
Em um recente especial da tradicional emissora BBC, Wayne Rooney apareceu para uma entrevista vestindo uma camiseta do Libertines, um dos principais grupos da nova geração inglesa e atração do Tim Festival, que acontece por aqui em novembro.

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