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ESPORTE
Chamado de "Roonaldo", Wayne Rooney é de Liverpool e também quer virar rei
John, Paul, George, Ringo e Rooney?
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
Dizem que o paralelo é o seguinte: se
os Beatles saíram de Liverpool para
tomar de Elvis Presley o título de rei
do rock, agora é a vez de Wayne Rooney
surgir na mesma Liverpool para arrancar
Pelé do trono de maior mito do futebol.
Não se sabe ao certo o quanto os apaixonados ingleses realmente acreditam nisso,
mas o fato é que a "rooneymania" está fazendo história no futebol britânico.
No futebol, nos tablóides sensacionalistas
e na música pop. Parece que o pessoal enjoou de David Beckham.
Adolescente talentoso e instável emocionalmente, Rooney tem só 18 anos e é um furacão. Em poucos meses, virou herói nacional, se envolveu com prostitutas (embora noivo), mudou-se do pequeno clube
Everton para o poderosíssimo Manchester
United e foi convidado para cantar no
show do astro Robbie Williams.
Uma máquina de fazer gols, Rooney há
dois anos jogava bola nas ruas de Liverpool. Enquanto Beckham turbinava sua
carreira de modelo aparecendo em outdoors por toda a Ásia, Roon (como os tablóides ingleses costumam chamá-lo) passava nos testes para jogar no seu clube de
infância, o Everton.
No ano seguinte, o passado, logo em fevereiro, Roon se tornou o mais novo jogador
a vestir a camisa da seleção inglesa. E, em
junho, quebrou o recorde de "o mais novo
jogador a começar como titular com a camisa...". Em setembro, "o mais novo a marcar um gol pela seleção...".
Wayne virou para 2004 como promessa e
continuou assim até chegar a Eurocopa, o
torneio de seleções européias disputado no
meio do ano em Portugal. E lá explodiu.
Seus gols tiraram a Inglaterra do marasmo e a colocaram nas quartas-de-final da
competição. Em um jogo contra a Suíça,
mais um recorde. Foi o mais novo jogador
a marcar gol numa Copa européia. Aí virou
o Pelé 2º, segundo manchete do jornal "The
Sun". Mas quebrou um dedo do pé contra
Portugal. E, sem seu menino prodígio, a Inglaterra afundou.
Escândalo nos tablóides
Longe dos gramados, o craque não deixou de ser assunto. O jornal "Sunday Mirror" publicou vasta reportagem revelando
que Rooney era assíduo freqüentador de
um prostíbulo do subúrbio de Liverpool.
Entrevistas com garotas da casa, fotos do
jogador no lugar e ainda uma imagem do
seu quarto preferido foram vistas por todo
o Reino Unido. Escândalo nacional.
O caso não arranhou a fama do jogador
no futebol, mas custou um noivado de menos de um ano.
Quando seu dedo quebrado não estava
mais quebrado, Pelé 2º (ou "Roonaldo",
seu outro apelido) já estava em outro time.
Num negócio que envolveu a soma de quase US$ 50 milhões (o Kaká saiu do São Paulo por US$ 9), Rooney trocou o modesto
Everton pelo bilionário e popularíssimo
Manchester United.
Na manhã seguinte em que a transação
foi concluída, os muros do Everton amanheceram pichados com ameaças de morte
contra aqueles que estavam envolvidos na
venda do agora ex-ídolo do clube.
No último dia 28 de setembro, Rooney fez
sua estréia no Manchester. Logo em um jogo da Copa dos Campeões, o mais cobiçado torneio de clubes do mundo.
O Manchester United ganhou por 6 a 2 do
Fenerbahçe, da Turquia. Rooney marcou
três gols, fazendo o "hat trick" -como os
ingleses chamam a glória de marcar três vezes em um mesmo jogo.
No final da partida, Rooney trocou camisas com o brasileiro Marco Aurélio, um jogador com passagens pelo Flamengo e que
hoje joga no time turco.
Na Inglaterra, um expert em leilão de memorabilias esportivas garantiu que a camisa valeria lances mínimos de US$ 20 mil.
Astro pop
O sucesso de Rooney tem chamado a
atenção até mesmo de nomes célebres da
música pop. O cantor Robbie Williams, por
exemplo, convidou o jogador para cantar
em um de seus shows, mas Rooney não se
arriscou.
Afinal, o que Williams queria, na verdade, era apenas irritar os irmãos do Oasis,
seus desafetos, que são fanáticos torcedores
do Manchester City, time rival do United.
Em um recente especial da tradicional
emissora BBC, Wayne Rooney apareceu
para uma entrevista vestindo uma camiseta
do Libertines, um dos principais grupos da
nova geração inglesa e atração do Tim Festival, que acontece por aqui em novembro.
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