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MÚSICA
Principal casa de shows alternativos de SP completa seis anos vendendo lanche de soja e boicotando os EUA
Hangar 110, 6
Divulgação
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Ray Cappo, vocalista do politicamente correto Shelter, em show de 2000 |
ANA PAULA DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O "parabéns para você" bem que
poderia ser tocado em ritmo de
hardcore, punk ou ska na festa
de aniversário do Hangar 110, que é parada obrigatória de músicos independentes -ou nem tanto-, sejam eles
nacionais ou "importados": já foram
quase 800 bandas que estrelaram o palco e, muitas delas, mais de uma vez.
Na festança comemorativa à principal casa de shows de São Paulo que dá
abertura ao rock alternativo, os convivas apagarão meia dúzia de velas ao
som do Kiss Cover, na próxima quinta
-casa alternativa é isso: tem espaço
até para bandas que imitam outras.
Com capacidade para 600 pessoas, o
lugar sempre fica pequeno diante de
shows como Stiff Little Fingers, Brujeria, Shelter, Voodoo Glow Skulls,
Down by Law e Lag Wagon, entre tantas as bandas internacionais que fazem
do Hangar rota obrigatória na agenda
de shows da turnê. Mas não são só os
gringos que lotam a casa. Bandas como
Dead Fish, CPM 22, Nitrominds, Garage Fuzz, Street Bulldogs e Hateen, por
exemplo, não deixam nada a dever.
E ser brasileiro conta a favor para
quem vai ao Hangar em dia de casa lotada. Coitados dos rapazes do No Fun
at All, que, em 2001, recém-saídos do
inverno sueco, embarcaram em uma
turnê brasileira em pleno verão. De tão
quente -e tão lotado- que estava,
eles encurtaram o show, mas, antes,
pediram até para abrir as janelas, pois
não suportaram o calor infernal que fazia lá dentro. Tadinhos, lá não há janelas e, fora o sistema de refrigeração, alguns ventiladores tentam amenizar o
sufoco. Mas punk que é punk agüenta
tudo, certo?
Nem sempre. Marco Badin, 41, dono
e idealizador do Hangar 110, guarda
mentalmente as efemérides dos shows
e também suas curiosidades. Já pegou
Mark Ramone (ex-baterista dos Ramones) tirando uma soneca, na cara
dura, no camarim.
Após um ano escolhendo um local
para realizar seu sonho (viver de rock),
Badin encontrou um galpão, que, à primeira vista, não foi lá muito de seu
agrado. "Mas já estava cansado de procurar. Como era próximo ao metrô
[Armênia], encarei." Isso porque sua
preocupação é fazer com que a galera
consiga voltar para casa a tempo de
ainda pegar metrô e ônibus.
Já para quem achou que o boicote a
produtos americanos após a invasão
do Iraque já estava morto de velho, o
Hangar 110 mostra que punk tem palavra: até hoje, só refrigerantes nacionais.
Aliás, quem é vegetariano se dá bem no
bar, cujo protagonista -ao lado da
cerveja, é claro- é o lanche de carne de
soja, por R$ 1. Um arraso. Casa de show
alternativo é isso aí.
HANGAR 110. - http://www.hangar110.com.br/ Onde: r. Rodolfo Miranda, 110, Bom Retiro, SP; tel. 0/xx/11/3229-7442.
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