Quem tem medo de Amanda Palmer?

CONHECI AMANDA Palmer na semana passada, em uma reunião nos EUA.
Amanda é música, fez parte da banda The Dresden Dolls. Está agora em carreira solo e tem aparecido em colunas sociais por namorar Neil Gaiman, criador da épica série de quadrinhos "Sandman".
A reunião aconteceu em Harvard e tratava do futuro da música. Na sala, o diretor da RIAA (entidade que representa as gravadoras americanas, famosa por processar usuários que baixam músicas), executivos de grandes gravadoras e professores. Mas foi Amanda quem roubou a cena.
Primeiro porque, no meio de tantos engravatados, sacou seu uquelele e cantou uma versão de "Creep" do Radiohead, gritando forte "I Don't Belong Here" ("não pertenço a este lugar").
Fiquei impressionado. É preciso ter coragem para cantar, sem qualquer amplificação, no meio de uma sala cheia de gente "séria". Ela é performer de verdade. Não tem medo do que faz.
Mas sua contribuição mais importante foi sobre o futuro da música.
No meio do debate, ela contou sua história. Seu último EP (bit.ly/bqBZ6F), com sete músicas, foi colocado à venda on-line por 84 centavos de dólar (cerca de R$ 1,40). Esse era o preço mínimo: quem quisesse poderia pagar mais. Em um mês, faturou US$ 100 mil. O preço médio ficou, voluntariamente, em R$ 6.
É claro que não existe mágica. Ela só conseguiu fazer isso depois de mais de seis anos de trabalho. Sua visão é que, com a crise da indústria, o mercado da música melhorou. Em vez de superstars, surgiu uma "classe média" de artistas. Não ficam milionários, mas conseguem se manter cultivando uma base de fãs.
Ela diz que a ferramenta mais importante para sua carreira hoje é o Twitter (@amandapalmer).
Concordo com ela. Onde muita gente vê crise, existe na verdade um universo de oportunidades. Mas, como seu exemplo demonstra, tem de trabalhar. Ficar só reclamando não adianta.

JÁ ERA
A "new grave" do White Lies e do Glasvegas

JÁ É
Gayngs, Twin Shadow, Hurts etc.

JÁ VEM
EBM voltando a ser cool, como as festas da Wierd Records (bit.ly/cNcPqY)


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