São Paulo, segunda-feira, 12 de janeiro de 2004

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Selo carioca lança bandas iguais, mas diferentes

Dois tiros certos no alvo

RICARDO TIBIU
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Pense num trio que se uniu para tocar rock e se descontrair e a isso aliou letras pessoais (em português) e sinceras. A Manifesto Discos lançou dois assim.
Um é o carioca Deluxe, que existe há pouco mais de um ano e tem Bil (guitarra e voz) também do Discoteque e do Noção de Nada. No baixo, Guta, do Dandara, e, na bateria, Rafael Crespo, conhecido por ser também guitarrista do Planet Hemp e, no meio indie, por tocar em bandas como Elroy, Wee e a singular Polara.
Em seu EP homônimo, o Deluxe, despeja cinco faixas que contêm um rock homogêneo, levemente sujo e envolvente.
"Acho que a idéia do Deluxe é tentar fazer um som simples, porém criativo", defende Bil. "Talvez um punk-hard-indie-rock-sei-lá-o-quê", sugere Rafael. "Deixei de ser você" abre o EP de forma agradavelmente ríspida.
Aparentemente, o tom das letras é assim, com discurso rude e alvo certeiro. "Algumas fiz com base em experiências, outras, com base em coisas que vejo ou que imagino. Parecem seguir a mesma linha, pois foram feitas num curto período", explica Bil.
Na sequência, as belas e alternantes "O Erro...", mais tempestuosa e ligeira, e a tensa "Impulso".
Também da Manifesto, "Bem-vindo, Inverno", primeiro CD dos capixabas do Take Me. O esmero de Jean (guitarra e voz), Jorginho (baixo) e Marcelinho (bateria) é nítido nas 12 composições.
O instrumental caprichado casa bem com as letras melancólicas, como é o caso da notável "Astro". "Falo não só sobre relacionamentos amorosos mas também sobre família, solidão, enfim, sobre coisas que envolvem a vida", defende Jean.
"Talvez seja minha forma de ver, mas outras pessoas também podem enxergar da mesma forma. Acho que é disso que uma banda vive, da identificação com outras pessoas."
Faixas como "Impulso" e "Antes que Seja Tarde" transmitem uma mágoa sincera, que resulta em charmosas canções. "Não sei escrever sobre política ou reclamar do mundo, deixo isso para quem sabe. Gosto é de entender as pessoas na sua essência. Antes de querermos mudar o mundo, temos de mudar a nós mesmos", filosofa Jean.
A belíssima "Strada" é praticamente uma instrumental, em que a letra entra da metade para o fim sob a forma de um poema de Jean. "Nós nos lembramos de pessoas que passaram e passam pela nossa vida, a letra tem a ver com esse clima de estrada", explica Marcelinho.
O que o Take Me quer fazer agora é tocar, levar seu rock para todos os cantos do país. Está nos planos da Manifesto lançar o primeiro CD do Dandara e, em março, o terceiro e aguardado do Noção de Nada, com o título "Trilogia Suja de Copacabana", que terá 11 sons em menos de 30 minutos.
O Deluxe já está gravando e lançará um CD com 13 canções e, se tudo correr bem, tocam no mês que vem na Argentina e no Uruguai.
Rafael lembra que Elroy e o imperdível Polara lançarão CDs em breve. O Wee recentemente lançou uma demo, e o Planet Hemp está preparando material novo.
Como dá para perceber, o ano mal começou e já vem um monte de coisas boas por aí.


Contatos:
Manifesto Discos:
www.manifestodiscos.com.br
Take Me: www.takememusic.com

Para ouvir as músicas "Deixei de Ser Você", com Deluxe, e "Astro", com Take Me, ligue para o tel. 0/xx/11/3471-4000 e digite 4 -Música. O custo é só o da ligação.



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