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esporte
Inspirados em astros como Jet Li, Jackie Chan e Bruce Lee, adolescentes estão aderindo ao kung fu; em junho, dois campeonatos reúnem atletas estrangeiros em SP
Iiiiiááááááá!!!
LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se você pensa que o
kung fu é apenas um
amontoado de socos,
piruetas e golpes violentos, está enganado.
Quase como uma dança, essa
arte marcial milenar tem seus
movimentos inspirados nas
formas de bichos como o louva-a-deus, a águia e o gato. Assim, a
beleza dos golpes e a delicadeza
dos movimentos têm atraído
cada vez mais adeptos.
"Para mim, não adianta ser
só pancadaria. Tem que ser bonito", diz Daniella de Caprio,
16, praticante há mais de um
ano. Daniella contraria a idéia
de que as lutas são esportes de
meninos. Vaidosa, ela faz as
unhas todas as semanas e usa
vários brincos em cada orelha
(sem contar o piercing no nariz), que ela não tira nem para
as aulas.
E ainda vê uma grande vantagem em ser uma garota faixa
roxa no kung fu, a sexta graduação na modalidade, de um total
de dez: "Uma vez, discuti com
um garoto na escola e quase
apliquei um golpe de kung fu
nele. Depois disso, ninguém
mexeu comigo."
Daniella treina de três a quatro vezes por semana. Mas nos
próximos meses vai aumentar
a dedicação, para participar do
Campeonato Internacional de
Kung Fu, que acontece em São
Paulo nos dias 9 e 10 de junho.
Organizado de forma independente por mestres de diferentes academias, o evento é
aberto para a participação de
qualquer praticante. Basta fazer a inscrição pelo site
www.tskf.com.br.
Esse não será o único torneio
importante no Estado. O Campeonato Sul-Americano de
Wushu - Kung Fu, promovido
pela Confederação Brasileira e
pela Federação Paulista de
Kung Fu - Wushu, acontece na
mesma época, de 8 a 10 junho.
Mas desse último evento
apenas atletas experientes,
convocados pela federação, poderão participar.
Cinema
Instrutor numa academia,
Anderson Cunha, 16 -que já
participou de um campeonato
nos Estados Unidos e está se
preparando para a competição
internacional de São Paulo-,
começou a se interessar pelo
kung fu na infância.
Ele adorava assistir aos filmes de astros como Jet Li, Jackie Chan e Bruce Lee. "A minha
maior diversão era imitar os
golpes em frente à TV."
William Lopes, 16, que treina
e trabalha na mesma academia
de Anderson, prefere os clássicos da década de 70. "Os antigos são mais realistas. Os atuais
têm muitos efeitos especiais,
perde um pouco a graça da coreografia", afirma o garoto, que
passa cerca de seis horas diárias na academia.
Paquera
Mas nem só de treino é feita a
rotina dos amantes do kung fu.
Cheias de adolescentes e com
um número cada vez maior de
meninas, as academias estão se
tornando um ótimo lugar para
paqueras.
Mariana Miranda, 18, já arrumou dois namorados no kung
fu. "Tem muito menino na aula,
então quando chega uma garota eles ficam meio de olho. Mas
não é nada incômodo, desrespeitoso. É até bom para a auto-estima", garante.
Mas cuidado. Durante a aula,
a paquera deve ser discreta. "As
pessoas são muito focadas no
treino. O que rola é sempre depois da aula. O pessoal sai à noite junto e aí os casais se formam", explica.
Além de ter arrumado namorado na academia, Jéssica Tanisi, 18, também fez uma turma
de amigos. O principal programa, aos finais de semana, é passear na Liberdade.
Eles visitam as lojas de animê
e de equipamentos de kung fu
e, no final da tarde, várias turmas diferentes se encontram
em frente à estação de metrô.
"Um monte de gente que gosta de artes marciais aparece por
lá. Tem sempre alguém que inventa umas formas bizarras de
kung fu, tipo o kung fu tatu-bola", conta.
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