São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

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esporte

Inspirados em astros como Jet Li, Jackie Chan e Bruce Lee, adolescentes estão aderindo ao kung fu; em junho, dois campeonatos reúnem atletas estrangeiros em SP

Iiiiiááááááá!!!

LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se você pensa que o kung fu é apenas um amontoado de socos, piruetas e golpes violentos, está enganado.
Quase como uma dança, essa arte marcial milenar tem seus movimentos inspirados nas formas de bichos como o louva-a-deus, a águia e o gato. Assim, a beleza dos golpes e a delicadeza dos movimentos têm atraído cada vez mais adeptos.
"Para mim, não adianta ser só pancadaria. Tem que ser bonito", diz Daniella de Caprio, 16, praticante há mais de um ano. Daniella contraria a idéia de que as lutas são esportes de meninos. Vaidosa, ela faz as unhas todas as semanas e usa vários brincos em cada orelha (sem contar o piercing no nariz), que ela não tira nem para as aulas.
E ainda vê uma grande vantagem em ser uma garota faixa roxa no kung fu, a sexta graduação na modalidade, de um total de dez: "Uma vez, discuti com um garoto na escola e quase apliquei um golpe de kung fu nele. Depois disso, ninguém mexeu comigo."
Daniella treina de três a quatro vezes por semana. Mas nos próximos meses vai aumentar a dedicação, para participar do Campeonato Internacional de Kung Fu, que acontece em São Paulo nos dias 9 e 10 de junho.
Organizado de forma independente por mestres de diferentes academias, o evento é aberto para a participação de qualquer praticante. Basta fazer a inscrição pelo site www.tskf.com.br.
Esse não será o único torneio importante no Estado. O Campeonato Sul-Americano de Wushu - Kung Fu, promovido pela Confederação Brasileira e pela Federação Paulista de Kung Fu - Wushu, acontece na mesma época, de 8 a 10 junho.
Mas desse último evento apenas atletas experientes, convocados pela federação, poderão participar.

Cinema
Instrutor numa academia, Anderson Cunha, 16 -que já participou de um campeonato nos Estados Unidos e está se preparando para a competição internacional de São Paulo-, começou a se interessar pelo kung fu na infância.
Ele adorava assistir aos filmes de astros como Jet Li, Jackie Chan e Bruce Lee. "A minha maior diversão era imitar os golpes em frente à TV."
William Lopes, 16, que treina e trabalha na mesma academia de Anderson, prefere os clássicos da década de 70. "Os antigos são mais realistas. Os atuais têm muitos efeitos especiais, perde um pouco a graça da coreografia", afirma o garoto, que passa cerca de seis horas diárias na academia.

Paquera
Mas nem só de treino é feita a rotina dos amantes do kung fu. Cheias de adolescentes e com um número cada vez maior de meninas, as academias estão se tornando um ótimo lugar para paqueras.
Mariana Miranda, 18, já arrumou dois namorados no kung fu. "Tem muito menino na aula, então quando chega uma garota eles ficam meio de olho. Mas não é nada incômodo, desrespeitoso. É até bom para a auto-estima", garante.
Mas cuidado. Durante a aula, a paquera deve ser discreta. "As pessoas são muito focadas no treino. O que rola é sempre depois da aula. O pessoal sai à noite junto e aí os casais se formam", explica.
Além de ter arrumado namorado na academia, Jéssica Tanisi, 18, também fez uma turma de amigos. O principal programa, aos finais de semana, é passear na Liberdade.
Eles visitam as lojas de animê e de equipamentos de kung fu e, no final da tarde, várias turmas diferentes se encontram em frente à estação de metrô.
"Um monte de gente que gosta de artes marciais aparece por lá. Tem sempre alguém que inventa umas formas bizarras de kung fu, tipo o kung fu tatu-bola", conta.


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