São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2004

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GAME ON

Um dia nos campos de batalha virtuais

ANDRÉ VAISMAN
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Na semana passada, eu me alistei. Se na vida real fui recusado pelo médico major do Exército que selecionava recrutas, graças aos céus e a um atestado médico, nos games entrei de cabeça e armado até os dentes em várias guerras no meu PC e no PS2. Lutei contra terroristas em "Counter-Strike: Condition Zero". Nada on-line, o negócio era entre mim e a máquina inimiga. Cumpri as missões, matei os caras e desarmei as bombas.
Depois encarei o Pacífico e os japoneses em "Medal of Honor: Rising Sun", no Playstation 2. Jogabilidade complicada e gráficos espetaculares. Fiquei pelas Filipinas. Morria mais rápido do que compreendia o que fazer na vida real -teria sido assim com este pobre recruta. Depois da Terra do Sol Nascente, avancei no tempo e encarei o drama americano em "Battlefield Vietnam". Fui marine e vietcongue. Como soldado americano, ataquei os comunistas e matei pelo querido Tio Sam. Como vietnamita, defendi nossas terras e, do alto de uma torre, detonei Rogers, Bobs e Steves com tiros certeiros. Não satisfeito, resolvi voltar à Segunda Guerra Mundial. "Call of Duty" instalado e lá estava eu enfrentando nazistas e recebendo ordens aos berros.
No total, devo ter matado cerca de 250 homens. Morri cerca de 40 vezes. Em algumas nem vi de onde veio o tiro fatal. Em outras, nem dei tempo de o cidadão se apresentar. Saí calminho e sem nenhum arranhão. E o mundo real ainda questiona a violência virtual. Se as guerras dele fossem como as minhas...


Colaborou Fabio Silva


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