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GAME ON
Um dia nos campos de batalha virtuais
ANDRÉ VAISMAN
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Na semana passada, eu me alistei. Se na
vida real fui recusado pelo médico
major do Exército que selecionava recrutas, graças aos céus e a um atestado médico, nos games entrei de cabeça e armado até os dentes em várias guerras no
meu PC e no PS2. Lutei contra terroristas
em "Counter-Strike: Condition Zero".
Nada on-line, o negócio era entre mim e
a máquina inimiga. Cumpri as missões,
matei os caras e desarmei as bombas.
Depois encarei o Pacífico e os japoneses em "Medal of Honor: Rising Sun", no
Playstation 2. Jogabilidade complicada e
gráficos espetaculares. Fiquei pelas Filipinas. Morria mais rápido do que compreendia o que fazer na vida real -teria
sido assim com este pobre recruta. Depois da Terra do Sol Nascente, avancei
no tempo e encarei o drama americano
em "Battlefield Vietnam". Fui marine e
vietcongue. Como soldado americano,
ataquei os comunistas e matei pelo querido Tio Sam. Como vietnamita, defendi
nossas terras e, do alto de uma torre, detonei Rogers, Bobs e Steves com tiros
certeiros. Não satisfeito, resolvi voltar à
Segunda Guerra Mundial. "Call of Duty"
instalado e lá estava eu enfrentando nazistas e recebendo ordens aos berros.
No total, devo ter matado cerca de 250
homens. Morri cerca de 40 vezes. Em algumas nem vi de onde veio o tiro fatal.
Em outras, nem dei tempo de o cidadão
se apresentar. Saí calminho e sem nenhum arranhão. E o mundo real ainda
questiona a violência virtual. Se as guerras dele fossem como as minhas...
Colaborou Fabio Silva
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