São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2004

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SEXO E SAÚDE

"Sou seminarista e religioso. Acredito que o homem e a mulher foram criados para se reproduzirem e terem o sexo como parte de suas vidas. É possível, no sentido biológico, um padre ou qualquer pessoa ter uma vida normal sem sexo?"

Abstinência sexual tem várias causas

JAIRO BOUER
COLUNISTA DA FOLHA

É possível viver sem sexo? Esse é um tema que sempre gera muita polêmica aqui na coluna do Folhateen. Vamos pensar um pouco mais nessa história e entender por que ela ocupa espaço na vida de muitas pessoas.
Do ponto de vista biológico, é possível viver sem sexo. Não é possível viver sem comer ou sem beber água, mas é possível passar sem sexo. Mas uma outra pergunta pode surgir: para que as pessoas vão querer viver sem sexo?
Embora a maior parte da população viva fazendo sexo com regularidade, muita gente passa boa parte de sua vida sem praticar essa atividade. Várias são as causas: motivos religiosos (o celibato da Igreja Católica, por exemplo), razões pessoais (esperar até o casamento, opção consciente pela abstinência), problemas de saúde ou dificuldades psicológicas.
Do ponto de vista médico, apesar de biologicamente ser possível viver sem sexo, vale a pena investigar e propor tratamento para os problemas de saúde e para as dificuldades emocionais que atrapalham a vida sexual das pessoas.
Alguém que nunca transou por um problema de timidez excessiva ou por uma fobia social merece a chance de ter uma vida sexual regular. Quem não transa por um problema de impotência, por um distúrbio hormonal ou por depressão precisa ser tratado para tentar resgatar aquilo que está deixando de lado.
Agora, quando a decisão é uma opção pessoal (como parece ser o seu caso), essa posição tem que ser respeitada. Você pode até sentir dificuldade em cumprir aquilo com que está se comprometendo (afinal, você é jovem e seu desejo está aí com você), mas essa é uma realidade que vai ter que ser enfrentada.
Só para você ter uma idéia do que acontece no Brasil: uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Cebrap em 1997/1998 mostrou que, apesar do início precoce da vida sexual no país, quase 33% dos jovens de 16 a 25 anos não tinham feito sexo no ano anterior à pesquisa. Destes, 10% já tinham experimentado, mas não estavam ativos, e 23% nunca tinham transado. Os dados mostram como comportamento sexual é um assunto complexo. Reflita bem e escolha de forma consciente o seu caminho. É isso aí!


Jairo Bouer, 37, é médico. Se você tem dúvidas sobre saúde, escreva para o Folhateen ou para jbouer@uol.com.br


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