São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 2008

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música

Do sertão... para a floresta

Festival de rock reúne em Rondônia bandas de todo o Brasil em três dias de festa pela Amazônia

JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
ENVIADO ESPECIAL A PORTO VELHO (RO)

Margeada pelo rio Madeira, no meio da selva amazônica, Porto Velho não é a parada roqueira mais tradicional do país. Mas a capital de Rondônia abriga desde 2000 um festival que é a salvação para quem curte rock naquele Estado. Entre os dias 2 e 4 de maio, a nona edição do Casarão reuniu 32 bandas e 6.000 jovens em dois espaços da cidade. Enquanto na primeira e na terceira noites o evento rolou na casa noturna Kabana's, na segunda noite o Casarão aconteceu literalmente no meio da floresta. Dois palcos e uma tenda eletrônica foram montados ao ar livre nos arredores da antiga sede da prefeitura.
Admirados com a paisagem verde, grupos como o goiano MQN e o capixaba Dead Fish teceram entusiasmados elogios ao local. Pena que a falta de consciência ecológica de parte do público fez o rio Madeira transbordar de latinhas de cervejas vazias.
Vinda da pequena Ariquemes, localizada a 200 km de Porto Velho, a estudante Laura Brandhuber, 18, prestava atenção em cada movimento do baterista da banda mato-grossense Macaco Bong. "Na minha cidade não tem nada para quem gosta de rock e MPB. Só tem boteco de pagode, forró e sertanejo". Segundo ela, a diversão da moçada que não gosta desses estilos em Ariquemes é passar na locadora e pegar um filme. "Quando rola alguma festa de rock nos colégios há mais gente na organização do que na platéia", reclama.
Natural de Rio Branco, Acre, o músico Thiago Alves, 20, se apresentou no Casarão com a banda One Week. "A gente espera o ano inteiro por esse festival. Nos outros dias só resta beber em loja de conveniência de posto de gasolina", lamenta.
A estudante Jéssica Gantier, 19, saiu de Ji-Paraná (o segundo município mais populoso de Rondônia) para ver Pitty, atração da última noite. "O último lugar pelo qual um show de rock passa é a minha cidade", acredita.
Bandas tão diferentes quanto a veterana Mukeka di Rato e a novata Do Amor (que promove o encontro do indie rock com o carimbó e a lambada) foram bem recebidas pela sedenta platéia. O Mukeka, do Espírito Santo, conviveu a apresentação inteira com fãs subindo no palco. Após tocarem a sacolejante "Perdizes", os cariocas Do Amor começaram a ouvir um corinho de "Chimbinha! Chimbinha!" vindo do público. O grupo não perdeu tempo e emendou com "Isso É Carimbó", dedicando-a ao guitarrista da banda Calypso.
Apesar de prejudicada pelo som que vazava da tenda eletrônica, a Macaco Bong fez sua já tradicional apresentação arrebatadora em festivais. O trio instrumental de Cuiabá lança neste mês seu CD de estréia oficial, "Artista Igual Pedreiro", e já planeja turnês pelo mundo.


O colaborador JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR viajou a Porto Velho (RO) a convite da organização do festival Casarão.


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