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música
Do sertão... para a floresta
Festival de rock
reúne em Rondônia bandas de todo o Brasil em três dias de festa pela Amazônia
JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
ENVIADO ESPECIAL A PORTO VELHO (RO)
Margeada pelo rio
Madeira, no
meio da selva
amazônica, Porto Velho não é a
parada roqueira mais tradicional do país. Mas a capital de
Rondônia abriga desde 2000
um festival que é a salvação para quem curte rock naquele Estado. Entre os dias 2 e 4 de
maio, a nona edição do Casarão
reuniu 32 bandas e 6.000 jovens em dois espaços da cidade.
Enquanto na primeira e na
terceira noites o evento rolou
na casa noturna Kabana's, na
segunda noite o Casarão aconteceu literalmente no meio da
floresta. Dois palcos e uma tenda eletrônica foram montados
ao ar livre nos arredores da antiga sede da prefeitura.
Admirados com a paisagem
verde, grupos como o goiano
MQN e o capixaba Dead Fish
teceram entusiasmados elogios
ao local. Pena que a falta de
consciência ecológica de parte
do público fez o rio Madeira
transbordar de latinhas de cervejas vazias.
Vinda da pequena Ariquemes, localizada a 200 km de
Porto Velho, a estudante Laura
Brandhuber, 18, prestava atenção em cada movimento do baterista da banda mato-grossense Macaco Bong. "Na minha cidade não tem nada para quem
gosta de rock e MPB. Só tem
boteco de pagode, forró e sertanejo". Segundo ela, a diversão
da moçada que não gosta desses estilos em Ariquemes é passar na locadora e pegar um filme. "Quando rola alguma festa
de rock nos colégios há mais
gente na organização do que na
platéia", reclama.
Natural de Rio Branco, Acre,
o músico Thiago Alves, 20, se
apresentou no Casarão com a
banda One Week. "A gente espera o ano inteiro por esse festival. Nos outros dias só resta
beber em loja de conveniência
de posto de gasolina", lamenta.
A estudante Jéssica Gantier,
19, saiu de Ji-Paraná (o segundo município mais populoso de
Rondônia) para ver Pitty, atração da última noite. "O último
lugar pelo qual um show de
rock passa é a minha cidade",
acredita.
Bandas tão diferentes quanto
a veterana Mukeka di Rato e a
novata Do Amor (que promove
o encontro do indie rock com o
carimbó e a lambada) foram
bem recebidas pela sedenta
platéia. O Mukeka, do Espírito
Santo, conviveu a apresentação
inteira com fãs subindo no palco. Após tocarem a sacolejante
"Perdizes", os cariocas Do
Amor começaram a ouvir um
corinho de "Chimbinha! Chimbinha!" vindo do público. O
grupo não perdeu tempo e
emendou com "Isso É Carimbó", dedicando-a ao guitarrista
da banda Calypso.
Apesar de prejudicada pelo
som que vazava da tenda eletrônica, a Macaco Bong fez sua
já tradicional apresentação arrebatadora em festivais. O trio
instrumental de Cuiabá lança
neste mês seu CD de estréia oficial, "Artista Igual Pedreiro", e
já planeja turnês pelo mundo.
O colaborador JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR viajou a
Porto Velho (RO) a convite da organização do
festival Casarão.
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