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NATAL
Teens arquitetam planos para balada
natalina e bolam ações solidárias para
não deixar ninguém de fora da festa
Ajudante de Papai Noel
LUCRECIA ZAPPI
DA REPORTAGEM LOCAL
Na noite de Natal você beija, abraça e brinda com Deus e o mundo, mas não perde o foco. Mesmo no meio daquela
multidão de primos que não acaba mais, você fica de olho no relógio. Depois da meia-noite é hora de se articular
para o segundo round natalino: a balada com os amigos.
No prédio onde mora Marcelo Napoli, 16, a festa desce de elevador. Depois
da reunião com a família, ele e os amigos costumam se concentrar no hall de serviço, com violão e bebida.
"A galera do prédio vem toda, são uns
oito. No ano passado a gente ficou até
as cinco da manhã", diz. Para vizinhos mais velhos, como os irmãos Ivan, 20, e Fernando Kolesnik, 20, a concentração no térreo serve de "esquenta" antes de ir para alguma festa.
Balada rock
"No ano passado tinha várias baladas,
e nesse ano vai ter mais ainda. O negócio é combinar na hora para onde ir.
O que é certo é que a gente quer uma balada rock neste ano", anuncia Fernando.
Mas, para aproveitar bem a noite, o mais importante, segundo o estudante,
é dominar a arte de escapulir cedo da casa dos parentes: "Antes da 1h30 é difícil, mas a hora ideal para sair da festa
é quando as tias começam a reclamar
das calorias e a fazer discurso.".
Outro vizinho que se junta a Marcelo e aos irmãos no térreo é Caio Carvalho Fonseca, 24, que mora sozinho com
a irmã e diz gostar "de tudo" do Natal
tradicional: da festa em família e do espírito solidário que cerca a data.
Cachorrinho e vaquinha
"Aliás", continua Caio, "estamos fazendo uma vaquinha para alugar um ônibus. É
para levar um orfanato para o sítio da minha família, que tem infra-estrutura de
acampamento".
Assim como o cachorro do desenho animado "Os Simpsons", o Ajudante de Papai
Noel (Santa's Little Helper), que adora longas caminhadas, Caio e seus amigos vão com as 34 crianças até Juquitiba, perto de
Embu. Fernando e Ivan vão ajudar.
A balada dos garotos vai ser no dia 14, dia
em que a família de Caio organiza uma festa de Natal para 300 crianças carentes da região. "Foi uma idéia que surgiu no meu trabalho, quando uma colega fazia vaquinha
para comprar presentes para uma creche
em Santana. Resolvemos levar essas crianças para o sítio no dia da festa", conta Caio.
Em dezembro, os ajudantes de Papai
Noel surgem de todos os lados. Enquanto
uns fazem madrigal no prédio e alegram
crianças que moram em orfanato, outros
contribuem com brinquedos ou comida.
Apesar de duvidar do paradeiro das doações, Débora Queiroz, 18, sempre faz uma
rapa na despensa antes do Natal: "Já vi reportagens em que a comida não chegou
porque faltou gasolina".
Enquanto o caminhão não buzina, Débora filosofa sobre o espírito natalino. "É um
período imposto para a reconciliação que,
no fundo, acaba sendo bom para todos."
Sua amiga, Ana Julia Andrade Vaz de Lima, 19, voluntária em um orfanato há três
anos, quer levar três crianças que moram lá
para passar o Natal com ela.
"É a primeira vez que vou levar crianças
para minha casa. Com a idade que eu tenho
não posso oferecer muito. Só carinho, atenção e amizade", diz Ana Julia.
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