São Paulo, segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

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NATAL

Teens arquitetam planos para balada natalina e bolam ações solidárias para não deixar ninguém de fora da festa

Ajudante de Papai Noel

LUCRECIA ZAPPI
DA REPORTAGEM LOCAL

Na noite de Natal você beija, abraça e brinda com Deus e o mundo, mas não perde o foco. Mesmo no meio daquela multidão de primos que não acaba mais, você fica de olho no relógio. Depois da meia-noite é hora de se articular para o segundo round natalino: a balada com os amigos.
No prédio onde mora Marcelo Napoli, 16, a festa desce de elevador. Depois da reunião com a família, ele e os amigos costumam se concentrar no hall de serviço, com violão e bebida.
"A galera do prédio vem toda, são uns oito. No ano passado a gente ficou até as cinco da manhã", diz. Para vizinhos mais velhos, como os irmãos Ivan, 20, e Fernando Kolesnik, 20, a concentração no térreo serve de "esquenta" antes de ir para alguma festa.

Balada rock
"No ano passado tinha várias baladas, e nesse ano vai ter mais ainda. O negócio é combinar na hora para onde ir. O que é certo é que a gente quer uma balada rock neste ano", anuncia Fernando.
Mas, para aproveitar bem a noite, o mais importante, segundo o estudante, é dominar a arte de escapulir cedo da casa dos parentes: "Antes da 1h30 é difícil, mas a hora ideal para sair da festa é quando as tias começam a reclamar das calorias e a fazer discurso.".
Outro vizinho que se junta a Marcelo e aos irmãos no térreo é Caio Carvalho Fonseca, 24, que mora sozinho com a irmã e diz gostar "de tudo" do Natal tradicional: da festa em família e do espírito solidário que cerca a data.

Cachorrinho e vaquinha
"Aliás", continua Caio, "estamos fazendo uma vaquinha para alugar um ônibus. É para levar um orfanato para o sítio da minha família, que tem infra-estrutura de acampamento".
Assim como o cachorro do desenho animado "Os Simpsons", o Ajudante de Papai Noel (Santa's Little Helper), que adora longas caminhadas, Caio e seus amigos vão com as 34 crianças até Juquitiba, perto de Embu. Fernando e Ivan vão ajudar.
A balada dos garotos vai ser no dia 14, dia em que a família de Caio organiza uma festa de Natal para 300 crianças carentes da região. "Foi uma idéia que surgiu no meu trabalho, quando uma colega fazia vaquinha para comprar presentes para uma creche em Santana. Resolvemos levar essas crianças para o sítio no dia da festa", conta Caio.
Em dezembro, os ajudantes de Papai Noel surgem de todos os lados. Enquanto uns fazem madrigal no prédio e alegram crianças que moram em orfanato, outros contribuem com brinquedos ou comida.
Apesar de duvidar do paradeiro das doações, Débora Queiroz, 18, sempre faz uma rapa na despensa antes do Natal: "Já vi reportagens em que a comida não chegou porque faltou gasolina".
Enquanto o caminhão não buzina, Débora filosofa sobre o espírito natalino. "É um período imposto para a reconciliação que, no fundo, acaba sendo bom para todos."
Sua amiga, Ana Julia Andrade Vaz de Lima, 19, voluntária em um orfanato há três anos, quer levar três crianças que moram lá para passar o Natal com ela.
"É a primeira vez que vou levar crianças para minha casa. Com a idade que eu tenho não posso oferecer muito. Só carinho, atenção e amizade", diz Ana Julia.


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