|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
Oasis corre atrás do sucesso que tinha há uma década
Eterna promessa
SYLVIA COLOMBO
EDITORA DO FOLHATEEN
Eles eram os escolhidos. Os sucessores dos Beatles. Os irmãos Liam e
Noel Gallagher, a nova dupla genial
por trás de uma banda inovadora. Tipo
Lennon/McCartney ou Morrissey/Marr.
Deveriam salvar o rock inglês. Dar a primeira grande chacoalhada naquelas ilhas
desde a explosão punk, nos anos 70. De
quebra, ainda teriam de fazer a trilha sonora de uma nova Inglaterra. Um país que interrompia um prolongado período conservador e entregava-se aos trabalhistas, liderado por um premiê roqueiro e sorridente,
mr. Tony Blair -um sujeito, até então,
pouco chegado a guerras.
O hype em torno do Oasis, enfim, era gigantesco. O sucesso inicial, idem. "Definitely Maybe" (1994), recorde de vendas já na
estréia, cravou pelo menos um hit na história do pop, "Live Forever". O seguinte,
"What"s the Story (Morning Glory)"
(1995), abateu concorrentes como Blur e
consolidou o reinado da banda no planeta.
Mas, como sabemos, quanto maior o coqueiro, maior o tombo. E o Oasis que toca
em São Paulo nesta quarta é uma banda
que está tentando, a todo custo, interromper um naufrágio fulminante.
Tudo por causa de alguns anos de desgastes públicos, brigas internas e bem pouca
vontade de se dedicar de verdade à música.
Enquanto integrantes saltavam fora, os tablóides (jornais sensacionalistas) rolavam
de alegria com a troca de baixarias dos Gallagher com outros astros do mundo pop.
A música, obviamente, foi pelo mesmo
caminho, e a seqüência de álbuns, desde
"Be Here Now" (1997) a "Heathen Chemistry" (2002), foi do regular ao muito fraco. Para arrasar os vaidosos Gallagher, o
principal desafeto do Oasis, o cantor de babas Robbie Williams, começou a escalar as
paradas até se tornar, hoje, o artista britânico que mais vende discos no mundo.
Só que os caras não estavam mortos.
Longe disso. E, com um álbum chamado,
ironicamente, de "Dont Believe the Truth"
(não acredite na verdade), o Oasis voltou
ao páreo em 2005. E é a turnê desse disco de
"redenção" que (ainda bem!!) está desembarcando por aqui nesta semana.
Nele, a banda parece prestar um tributo à
tradição que a gerou, o rock indie inglês
dos anos 80 - mais conhecido como "cena
de madchester", por concentrar na cidade
de Manchester seus principais nomes -; e
as melodias elaboradas na tradição Beatles.
O quarteto de Liverpool é evocado aqui e
ali, como na pacifista "Let There Be Love".
Os fantasmas do Happy Mondays parecem
fazer coro em "Part of the Queue", enquanto faixas como "Lyla" e "The Importance of
Being Idle" soam como o antigo Oasis.
Nesta quarta-feira, em São Paulo, os irmãos Gallagher tentam nos mostrar que
ainda vale a pena ouvir o que o Oasis faz.
Agora é com você.
Texto Anterior: Sexo & saúde - Jairo Bouer: Internet vende soluções falsas Próximo Texto: O2 neurônio: Mensagem de texto e problemas Índice
|