São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 2002

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esporte

Rafael Mósca tira hegemonia dos braços de Gustavo Borges

Veloz dentro e fora d'água

MIRELLA DOMENICH
FREE-LANCE PARA A FOLHA

"S e tá com pressa, senta e acalma." Foi assim que o nadador Rafael Mósca, 19, atendeu o telefone poucos minutos antes de sair de sua casa com destino ao aeroporto internacional do Rio de Janeiro (RJ), de onde partiria no dia 6/5 para a Espanha para disputar a Copa Latina de Natação.
Longe de parecer um jeito rude, foi só uma maneira brincalhona de tentar acalmar o ouvinte. Ele achava que quem estava telefonando era seu técnico, Marcos Lamah, 47, que, àquela hora (17h30), deveria estar a ponto de ter um ataque de nervos: os dois já teriam de estar no aeroporto para fazer o check-in.
Lamah, no entanto, não tem muito a reclamar da velocidade do rapaz. No dia 2/5, Rafael, que nada pelo Flamengo há nove anos, quebrou a hegemonia de dez anos do nadador Gustavo Borges nos 200 m livre do Troféu José Finkel, com o tempo de 1min47s54. Borges ficou com a medalha de bronze. Foi a primeira derrota de Borges na competição desde 1992. "Nunca o tive como ídolo, mas sempre como parâmetro. Vencê-lo foi uma grande conquista", diz.
Rafael nada desde os dois anos para evitar a asma. "Minha mãe sempre teve asma e não queria que os filhos sofressem como ela", diz. Os dois irmãos preferiram seguir outras profissões. Rafael, aliás, está cursando o terceiro período de Comunicação na PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica). Ganha uma bolsa do Flamengo que cobre 80% da mensalidade. O restante paga com a ajuda de custo que recebe do clube.
"Preferi seguir a natação porque é muito bom viajar de graça para competir, mas estou me garantindo com o curso de comunicação", diz. Ele já conheceu várias cidades. A de que mais gostou foi Praga, capital da República Tcheca. "Vi muita coisa que tinha aprendido na escola."
Sem a natação, ele diz acreditar que não teria conhecido nem metade desses lugares. Sua família é originalmente de classe média alta, mas, depois da separação dos pais, quando Rafael tinha oito anos, o padrão de vida caiu, segundo ele.
Ele treina seis vezes por semana no início da manhã e no fim da tarde. Vai à faculdade das 12h às 16h. Nos dias de treinamento e de competição, faz uma alimentação balanceada, com muito carboidrato e frutas. Prefere comer em restaurantes a quilo. "Assim não dou gasto em casa." A mãe, Elizabeth Motta, 55, diz que ele "come como um leão". Nos fins de semana, quando está de folga, Rafael adora lanchonetes e churrascarias.
Não está namorando. E, depois que ganhou de Borges, tem adorado o assédio das fãs, mas não para paquerar. "É que chama mais a atenção da mídia e fica mais fácil arrumar patrocinador."
Será que agora aparece algum?



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