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esporte
Rafael Mósca tira hegemonia dos braços de Gustavo Borges
Veloz dentro e fora d'água
MIRELLA DOMENICH
FREE-LANCE PARA A FOLHA
"S e tá com pressa, senta e acalma." Foi assim que o nadador
Rafael Mósca, 19, atendeu o telefone poucos minutos antes de sair de
sua casa com destino ao aeroporto
internacional do Rio de Janeiro
(RJ), de onde partiria no dia 6/5 para a Espanha para disputar a Copa
Latina de Natação.
Longe de parecer um jeito rude,
foi só uma maneira brincalhona de
tentar acalmar o ouvinte. Ele achava que quem estava telefonando
era seu técnico, Marcos Lamah, 47,
que, àquela hora (17h30), deveria
estar a ponto de ter um ataque de
nervos: os dois já teriam de estar
no aeroporto para fazer o check-in.
Lamah, no entanto, não tem
muito a reclamar da velocidade do
rapaz. No dia 2/5, Rafael, que nada
pelo Flamengo há nove anos, quebrou a hegemonia de dez anos do
nadador Gustavo Borges nos 200
m livre do Troféu José Finkel, com
o tempo de 1min47s54. Borges ficou com a medalha de bronze. Foi
a primeira derrota de Borges na
competição desde 1992. "Nunca o
tive como ídolo, mas sempre como
parâmetro. Vencê-lo foi uma grande conquista", diz.
Rafael nada desde os dois anos
para evitar a asma. "Minha mãe
sempre teve asma e não queria que
os filhos sofressem como ela", diz.
Os dois irmãos preferiram seguir
outras profissões. Rafael, aliás, está
cursando o terceiro período de Comunicação na PUC-RJ (Pontifícia
Universidade Católica). Ganha
uma bolsa do Flamengo que cobre
80% da mensalidade. O restante
paga com a ajuda de custo que recebe do clube.
"Preferi seguir a natação porque
é muito bom viajar de graça para
competir, mas estou me garantindo com o curso de comunicação",
diz. Ele já conheceu várias cidades.
A de que mais gostou foi Praga, capital da República Tcheca. "Vi
muita coisa que tinha aprendido
na escola."
Sem a natação, ele diz acreditar
que não teria conhecido nem metade desses lugares. Sua família é
originalmente de classe média alta,
mas, depois da separação dos pais,
quando Rafael tinha oito anos, o
padrão de vida caiu, segundo ele.
Ele treina seis vezes por semana
no início da manhã e no fim da tarde. Vai à faculdade das 12h às 16h.
Nos dias de treinamento e de competição, faz uma alimentação balanceada, com muito carboidrato e
frutas. Prefere comer em restaurantes a quilo. "Assim não dou gasto em casa." A mãe, Elizabeth Motta, 55, diz que ele "come como um
leão". Nos fins de semana, quando
está de folga, Rafael adora lanchonetes e churrascarias.
Não está namorando. E, depois
que ganhou de Borges, tem adorado o assédio das fãs, mas não para
paquerar. "É que chama mais a
atenção da mídia e fica mais fácil
arrumar patrocinador."
Será que agora aparece algum?
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