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MÚSICA
Rap de moleque
Rapper da nova geração fez "corre" de office-boy
para rimar sua
idade em primeiro CD
HELOÍSA NEGRÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Tímido e com as unhas
roídas, o rapper paulistano Lucas Pizzol
esclarece que as letras de seu
primeiro CD estavam todas
prontas quando completou
17 anos, em abril. Só faltava o
dinheiro para gravá-las.
"Para ninguém achar que é
"gato'", explica o garoto. E a
explicação se justifica: o CD,
que será lançado em agosto,
se chama "16 anos" e tem letras inspiradas pela idade.
O disco, independente,
custou R$ 2.000, grana angariada com a ajuda dos amigos, do pai e de uns "corres"
que fez como office-boy.
Caçula de uma turma de
rappers, Pizzol sempre brincou de rimar. "No começo,
escutava as bases dos gringos e escrevia em cima." Aos
15 anos, gravou a primeira
música, "Satisfação".
O grupo Racionais MC's é
uma das suas inspirações.
"Eles revolucionaram o
rap." Mas Pizzol prefere ouvir o que vem de fora. "Se escutar só os [raps] daqui, acaba influenciando e o pessoal
vai falar que copiei."
Para fugir dessa acusação,
ele funde o som de rappers
antigos, como Notorious
B.I.G. e o grupo Wu-Tang
Clan, com o de clássicos do
soul e do jazz, como Marvin
Gaye e Aretha Franklin.
"Rap é para todo o mundo", afirma. Mas há diferentes ouvintes. "Quem escuta
na quebrada ouve a própria
voz", diz ele, que mora com a
mãe no bairro da Casa Verde
(zona norte de São Paulo).
Mais do que um artista de
álbum, Pizzol se destaca
mesmo no palco de casas noturnas. Êpa, mas ele pode entrar em noitadas proibidas
para menores de idade?
Segundo o advogado da
OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil) Ariel de Castro Alves, o artista menor de idade
precisa de autorização judicial para cantar na noite, estando ou não com os pais.
Para a felicidade de Pizzol,
daqui a oito meses ele faz 18
anos. Assim, se livra da via-crúcis burocrática pela qual
diz passar para mostrar à galera seu "16 anos".
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