São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 2009

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MÚSICA

Rap de moleque

Rapper da nova geração fez "corre" de office-boy para rimar sua idade em primeiro CD

HELOÍSA NEGRÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Tímido e com as unhas roídas, o rapper paulistano Lucas Pizzol esclarece que as letras de seu primeiro CD estavam todas prontas quando completou 17 anos, em abril. Só faltava o dinheiro para gravá-las.
"Para ninguém achar que é "gato'", explica o garoto. E a explicação se justifica: o CD, que será lançado em agosto, se chama "16 anos" e tem letras inspiradas pela idade.
O disco, independente, custou R$ 2.000, grana angariada com a ajuda dos amigos, do pai e de uns "corres" que fez como office-boy.
Caçula de uma turma de rappers, Pizzol sempre brincou de rimar. "No começo, escutava as bases dos gringos e escrevia em cima." Aos 15 anos, gravou a primeira música, "Satisfação".
O grupo Racionais MC's é uma das suas inspirações. "Eles revolucionaram o rap." Mas Pizzol prefere ouvir o que vem de fora. "Se escutar só os [raps] daqui, acaba influenciando e o pessoal vai falar que copiei."
Para fugir dessa acusação, ele funde o som de rappers antigos, como Notorious B.I.G. e o grupo Wu-Tang Clan, com o de clássicos do soul e do jazz, como Marvin Gaye e Aretha Franklin.
"Rap é para todo o mundo", afirma. Mas há diferentes ouvintes. "Quem escuta na quebrada ouve a própria voz", diz ele, que mora com a mãe no bairro da Casa Verde (zona norte de São Paulo).
Mais do que um artista de álbum, Pizzol se destaca mesmo no palco de casas noturnas. Êpa, mas ele pode entrar em noitadas proibidas para menores de idade?
Segundo o advogado da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) Ariel de Castro Alves, o artista menor de idade precisa de autorização judicial para cantar na noite, estando ou não com os pais.
Para a felicidade de Pizzol, daqui a oito meses ele faz 18 anos. Assim, se livra da via-crúcis burocrática pela qual diz passar para mostrar à galera seu "16 anos".


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