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Schwarzenegger, McCartney e as loucuras da Califórnia
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA
Imagine que conversa com uma amigo(a)
sobre futebol nos seguintes termos:
"Nossa, como o São Paulo está mal! Bom
era o tempo do Serginho Chulapa. Ele fez
uma média de 3,4 gols no Campeonato Paulista de 1978. Sem falar que, fora de casa, o cara tinha um aproveitamento de 56% nos chutes dados pelo lado direito. Em cobranças de
faltas, então, o Chulapa arrebentava: 76% de
acerto em bolas paradas com barreira de menos de cinco homens. E ele desferiu, no Campeonato Brasileiro
de 1981, nada menos
que 62% de chutes
com velocidade superior a 106 km/h".
Loucura? Pode
acreditar: é assim
que norte-americanos acompanham
esportes. Principalmente o jogo mais
popular deles: o beisebol, que, aliás, só pode ser descrito por estatísticas, já que muito pouco acontece que possa ser analisado de maneira subjetiva.
Esse apego americano à objetividade, à
quantificação do sucesso, é assunto hoje, claro, por causa da inacreditável vitória de Arnold Schwarzenegger para governador da Califórnia.
O fato é que a história do imigrante "Xuarza" é de sucesso. E um sucesso perfeitamente
quantificável nos milhões de dólares que ele
acumulou. Americano adora histórias vitoriosas, sejam elas de um vencedor do Prêmio
Nobel, de um empresário de casas de striptease ou de um ator de filmes de ação.
Detalhe: "Xuarza" torrou US$ 10,3 milhões
(R$ 30 milhões) do próprio bolso para bancar
parte da campanha. E uma outra coisa maluca, pelo menos aos nossos olhos brasileiros:
tribos indígenas da Califórnia, que operam
cassinos em suas reservas, doaram nada menos que US$ 12 milhões (R$ 36 milhões) a diversos candidatos.
"California über alles", como cantavam os
Dead Kennedys.
E já que falamos de Califórnia, veja se você
não gostaria de estar nessa festa, semana retrasada em Los Angeles.
Sinta só os convidados: Demi Moore,
Quincy Jones, Cate
Blanchett, Jacqueline
Bisset, Pam Anderson,
Ashton Kutcher, Anthony Kiedis, Rufus
Wainwright, Slash etc.
etc. etc.
Era a inauguração da
butique de Stella
McCartney, 32, a estilista do momento (sim,
ela é filha do homem).
Segundo reportagem
do "The New York Times", os sons que
bombaram na festança
foram Avenue D, com
"Do I Look Like a
Slut?", e o novíssimo
hip hop nova-iorquino
do Fannypack, com
"Cameltoe".
Por falar em Fannypack, pode se preparar
para ouvir muito, mas muito mesmo, sobre
esse quinteto.
A revista do "The New York Times" publicou, no domingo retrasado, uma lista de 23 artistas fundamentais, hoje, de Nova York. Só
duas bandas foram incluídas: Fannypack e...
Rapture, que "Escuta Aqui" considera a pior
coisa a surgir na música pop no século 21.
Fazer o quê?
Álvaro Pereira Júnior, 40, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo
E-mail: cby2k@uol.com.br
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