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São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 2003

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Schwarzenegger, McCartney e as loucuras da Califórnia

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA

Imagine que conversa com uma amigo(a) sobre futebol nos seguintes termos:
"Nossa, como o São Paulo está mal! Bom era o tempo do Serginho Chulapa. Ele fez uma média de 3,4 gols no Campeonato Paulista de 1978. Sem falar que, fora de casa, o cara tinha um aproveitamento de 56% nos chutes dados pelo lado direito. Em cobranças de faltas, então, o Chulapa arrebentava: 76% de acerto em bolas paradas com barreira de menos de cinco homens. E ele desferiu, no Campeonato Brasileiro de 1981, nada menos que 62% de chutes com velocidade superior a 106 km/h".
Loucura? Pode acreditar: é assim que norte-americanos acompanham esportes. Principalmente o jogo mais popular deles: o beisebol, que, aliás, só pode ser descrito por estatísticas, já que muito pouco acontece que possa ser analisado de maneira subjetiva.
Esse apego americano à objetividade, à quantificação do sucesso, é assunto hoje, claro, por causa da inacreditável vitória de Arnold Schwarzenegger para governador da Califórnia.
O fato é que a história do imigrante "Xuarza" é de sucesso. E um sucesso perfeitamente quantificável nos milhões de dólares que ele acumulou. Americano adora histórias vitoriosas, sejam elas de um vencedor do Prêmio Nobel, de um empresário de casas de striptease ou de um ator de filmes de ação.
Detalhe: "Xuarza" torrou US$ 10,3 milhões (R$ 30 milhões) do próprio bolso para bancar parte da campanha. E uma outra coisa maluca, pelo menos aos nossos olhos brasileiros: tribos indígenas da Califórnia, que operam cassinos em suas reservas, doaram nada menos que US$ 12 milhões (R$ 36 milhões) a diversos candidatos.
"California über alles", como cantavam os Dead Kennedys.
 
E já que falamos de Califórnia, veja se você não gostaria de estar nessa festa, semana retrasada em Los Angeles.
Sinta só os convidados: Demi Moore, Quincy Jones, Cate Blanchett, Jacqueline Bisset, Pam Anderson, Ashton Kutcher, Anthony Kiedis, Rufus Wainwright, Slash etc. etc. etc.
Era a inauguração da butique de Stella McCartney, 32, a estilista do momento (sim, ela é filha do homem).
Segundo reportagem do "The New York Times", os sons que bombaram na festança foram Avenue D, com "Do I Look Like a Slut?", e o novíssimo hip hop nova-iorquino do Fannypack, com "Cameltoe".
 
Por falar em Fannypack, pode se preparar para ouvir muito, mas muito mesmo, sobre esse quinteto.
A revista do "The New York Times" publicou, no domingo retrasado, uma lista de 23 artistas fundamentais, hoje, de Nova York. Só duas bandas foram incluídas: Fannypack e... Rapture, que "Escuta Aqui" considera a pior coisa a surgir na música pop no século 21. Fazer o quê?


Álvaro Pereira Júnior, 40, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo
E-mail: cby2k@uol.com.br




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