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São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 2003

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VIOLÊNCIA

Estudo mostra que, na maior parte, abuso sexual é familiar

É proibido fazer silêncio

RICARDO LISBÔA
DA REPORTAGEM LOCAL

A família deve ser a quem se recorre em caso de problemas, não a causa dos problemas. Todos sabem que a relação em casa pode não ser nada sossegada, com brigas e desentendimentos. Mas há um grau mais agudo ainda, que, geralmente, transforma uma casa numa caixa de dor e de silêncio. É quando se descobre que uma criança ou jovem sofreu abuso sexual.
Em 69% dos casos de violência sexual, a vítima é alguém menor de idade, e, em apenas 6% das vezes, o abusador é um desconhecido. Ou seja, em 94% das denúncias feitas, o acusado é alguém próximo ao jovem -às vezes, é o pai, o irmão, um primo ou um amigo próximo.
"Quando isso acontece, a família já está desestruturada. Temos de lutar para que as denúncias sejam feitas, e não escondidas", diz a pesquisadora Eva Faleiros, responsável pelo livro "Abuso Sexual contra Crianças e Adolescentes - Os (Des)Caminhos da Denúncia", (de onde foram tirados os números acima), lançado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos, na semana passada. Para ter acesso ao estudo, basta encaminhar um e-mail para direitoshumanos@ sedh.gov.br.
Após uma pesquisa feita a partir das denúncias de abuso sexual contra meninas nas cidades de Porto Alegre (RS), Vitória (ES), Goiânia (GO), Recife (PE) e Belém (PA), representando as cinco grandes regiões brasileiras, verificou-se outra tendência bizarra nesse assunto já nebuloso: os adolescentes com mais de 12 anos são 12,7% dos abusadores. "O jovem que estiver nessa posição tem de procurar ajuda, pois ele deve exercer sua sexualidade, sim, mas com outros jovens de sua idade, não com crianças de quatro ou cinco anos", aconselha a pesquisadora Eva.
A escola tem papel fundamental na resolução dessa história barra-pesada. Pois, como a maioria dos ataques acontece dentro ou muito perto de casa, a criança deve ter na escola o espaço para poder falar sobre o problema e, principalmente, ser levada a sério quando fizer a denúncia.
Hoje, há 22 delegacias especializadas em crianças e adolescentes no Brasil, mas as denúncias podem ser feitas em qualquer delegacia, pelo telefone 0800-990500, e também pelo site www.violenciasexual.org.br.


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