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VIOLÊNCIA
Estudo mostra que, na maior parte, abuso sexual é familiar
É proibido fazer silêncio
RICARDO LISBÔA
DA REPORTAGEM LOCAL
A família deve ser a
quem se recorre em caso de problemas, não a
causa dos problemas. Todos sabem que a relação
em casa pode não ser nada sossegada, com brigas
e desentendimentos. Mas
há um grau mais agudo
ainda, que, geralmente,
transforma uma casa numa caixa de dor e de silêncio. É quando se descobre
que uma criança ou jovem sofreu abuso sexual.
Em 69% dos casos de
violência sexual, a vítima
é alguém menor de idade,
e, em apenas 6% das vezes, o abusador é um desconhecido. Ou seja, em
94% das denúncias feitas,
o acusado é alguém próximo ao jovem -às vezes, é
o pai, o irmão, um primo
ou um amigo próximo.
"Quando isso acontece,
a família já está desestruturada. Temos de lutar
para que as denúncias sejam feitas, e não escondidas", diz a pesquisadora
Eva Faleiros, responsável
pelo livro "Abuso Sexual
contra Crianças e Adolescentes - Os (Des)Caminhos da Denúncia", (de
onde foram tirados os números acima), lançado
pela Secretaria Especial
dos Direitos Humanos, na
semana passada. Para ter
acesso ao estudo, basta
encaminhar um e-mail
para direitoshumanos@
sedh.gov.br.
Após uma pesquisa feita
a partir das denúncias de
abuso sexual contra meninas nas cidades de Porto Alegre (RS), Vitória
(ES), Goiânia (GO), Recife
(PE) e Belém (PA), representando as cinco grandes
regiões brasileiras, verificou-se outra tendência bizarra nesse assunto já nebuloso: os adolescentes
com mais de 12 anos são
12,7% dos abusadores. "O
jovem que estiver nessa
posição tem de procurar
ajuda, pois ele deve exercer sua sexualidade, sim,
mas com outros jovens de
sua idade, não com crianças de quatro ou cinco
anos", aconselha a pesquisadora Eva.
A escola tem papel fundamental na resolução
dessa história barra-pesada. Pois, como a maioria
dos ataques acontece dentro ou muito perto de casa, a criança deve ter na
escola o espaço para poder falar sobre o problema e, principalmente, ser
levada a sério quando fizer a denúncia.
Hoje, há 22 delegacias
especializadas em crianças e adolescentes no Brasil, mas as denúncias podem ser feitas em qualquer delegacia, pelo telefone 0800-990500, e também pelo site www.violenciasexual.org.br.
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