ORLANDO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Desde 1985 trabalho com publicações para adolescentes.
Foram pelo menos três revistas e o Folhateen. Hoje, encontro mulheres na casa dos 30 que recortavam meus desenhos para colar na agenda ou no diário quando tinham 15/16 anos. Isso mostra um pouco a responsabilidade que o espaço demanda.
Se, naquela época, os jovens eram um pouco mais inocentes, os de hoje acabam sendo soterrados por uma quantidade monstruosa de informações.
São jovens de gerações diferentes, mas unidos por um ponto bastante característico: a dúvida. Que roupa usar, como se portar, como paquerar, o primeiro beijo, a primeira transa, a primeira vez que nunca chega, o tamanho do peito, o tamanho do pinto. Acrescentem-se a isso camisinha, gravidez, DSTs, bebidas, drogas e Aids.
Todos esses assuntos são tratados com extrema delicadeza e respeito pelo Jairo o que me faz lembrar uma outra coisa.
Logo no início ele passou num fim de tarde em meu estúdio.
Estava matutando por que havia feito psiquiatria, não queria ficar preso à clínica, queria outra coisa que não sabia qual era. Pouco depois, veio a eureca. Criou essa linguagem, fez a coluna crescer, foi pro rádio, TV e tudo isso que vocês sabem.

Em frente ao espelho
O Folhateen tem sorte de ter um cara como ele como colunista e o mérito de dar liberdade tanto a ele quanto a mim, que posso desenhar meninos e meninas em situações, digamos, pouco convencionais.
Meus meninos e minhas meninas parecem sempre estar em frente ao espelho e é isso que eu gostaria que os desenhos parecessem: eles mesmos, assim, sempre se observando, críticos e curiosos como todo adolescente deveria ser.