São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 2006

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vestibular

Sem pressa pra facu

Prestes a concluir o ensino médio, adolescentes optam por adiar o vestibular para viver outras experiências antes de entrar na faculdade, como viajar, fazer cursos ou trabalhar

LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto muitos adolescentes estão cada vez mais tensos com a aproximação do vestibular (a primeira fase da Fuvest acontece no dia 26), existe uma turma que não está dando muita bola para esse evento.
Seja por indecisão em relação ao curso que pretendem fazer, seja por vontade de viajar ou trabalhar, vários jovens que estão concluindo o ensino médio optaram por não fazer vestibular neste ano.
Camila Bacarin, 17, trocou a prova por uma viagem de três meses para a Europa. Decidida a prestar vestibular para o curso de arquitetura, ela optou por esperar mais um ano quando recebeu um convite da tia para estudar alemão fora do país. "Quero descansar, viver coisas novas e voltar zerada para estudar. Além disso, acho importante falar mais uma língua, além do inglês, que eu já domino", diz Camila, que, na volta, quer fazer cursinho.
Ela conta que não se deixou contaminar pela "paranóia vestibulanda" que a cerca. "Existe um clima de pressão, os professores falam muito sobre vestibular, assim como os alunos. Mas eu não me sinto deslocada. Eles entendem a minha opção."
Vitor Agnello, 17, vai passar seis meses em Londres no ano que vem e só na volta vai fazer cursinho. "Depois de tantos anos estudando, eu queria um tempo para pensar melhor na vida. Acho que neste momento não estou maduro o suficiente para aproveitar o que a faculdade pode me oferecer", diz o estudante, que vai estudar inglês e, na volta, pretende cursar relações internacionais. Quando decidiu viajar, Vitor já havia feito a inscrição na Fuvest e, por isso, pretende fazer a prova, mas "só para conhecer".
Para Theresia Schneider, 17, o jovem de sua faixa etária ainda não está preparado para aproveitar um curso universitário. "É diferente a relação que se tem com o estudo no colégio e na faculdade. Na faculdade, o ensino é mais denso, os assuntos são abordados com muito mais profundidade. É preciso estar preparado para isso."
Por isso, ela optou por fazer um curso profissionalizante de dois anos, que inclui estágio em uma empresa, antes de prestar vestibular para ciências sociais ou para artes cênicas. "Já vou entrar na faculdade com uma experiência profissional."
Já Leticia Leme Duarte, 17, quer trabalhar e descansar antes de entrar na faculdade. Depois de um ano puxado, com o colégio no período da manhã, curso de informática durante a noite e ajudando os pais na empresa à tarde, ela decidiu adiar o vestibular para 2007.
"A idéia foi da minha mãe. Ela percebeu que eu estava cansada e sugeriu que eu esperasse antes de começar a faculdade", diz a estudante, que quer arrumar um emprego para ter independência financeira.
"Durante esse tempo, também posso amadurecer melhor a decisão do curso", completa Letícia, que, por enquanto, quer fazer terapia ocupacional.
Assim como ela, todos os adolescentes entrevistados contaram com o apoio dos pais quando optaram por não entrar na faculdade na seqüência do ensino médio. "Eu avaliei a situação com a minha mãe e nós chegamos à conclusão de que isso seria o melhor para mim", diz Theresia.
"Existe muita pressão nesta fase. Acho isso ruim. Faculdade é essencial, mas não precisa ter tanta pressa. Às vezes, a pressão até prejudica a saúde das pessoas", alerta Vitor.


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