Ao vivo em duas cores

LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

Cortes secos, planos de poucos segundos de duração, imagens sórdidas fora de foco e apenas iluminação branca e vermelha. Não poderia ser mais adequado à proposta do White Stripes o DVD que registra a apresentação da dupla americana de rock na casa de shows The Express Ballroom Blackpool, em Londres (Inglaterra), no início do ano passado.
O duo apresenta em "Under Blackpool Lights" um show bem parecido com o que passou apenas pelo Rio, em setembro de 2003, ano mais bem-sucedido do White Stripes, quando estourou definitivamente por todo o planeta o álbum "Elephant", o mesmo do megahit "Seven Nation Army".
Exibido em cinemas da Inglaterra, o DVD traz a oportunidade de assistir a uma das atrações mais energéticas do novo rock americano. E bizarra também, já que o White Stripes traz apenas duas pessoas em cima do palco: a calada Meg White na bateria e seu "irmão" Jack na guitarra. Quem ouve duvida que não há baixo no som sujo e barulhento da banda. Mas Jack simula o instrumento na guitarra com o auxílio de pedais de distorção.
A filmagem do show foi feita com seis câmeras de 16 mm e de 8 mm. Tudo teve de ser muito afinado, pois os rolos de filmes dessas câmeras não duram mais de três minutos. Talvez por causa disso ou até propositalmente, há muitas imagens sem nenhum foco, planos que desarmam no meio dos solos de guitarra e imagens que não mostram nada. Tudo é editado de modo ágil e cru, bem ao estilo do grupo.
Além dos sucessos "The Hardest Button to Button" e "Seven Nation Army", a dupla apresenta uma série de covers de artistas de country e folk americanos, com destaque para a versão arrasadora de "Outlaw Blues", de Bob Dylan. Fica devendo somente a versão ao vivo de "Fell in Love with a Girl", música que ganhou versão da caretona Joss Stone.
Os créditos são um momento muito divertido, pelo menos para os fãs mais ardorosos. Com o lugar vazio, Jack e Meg dançam juntinhos o tema romântico "I Can't Help It (If I'm Still in Love with You)", de Hank Williams. Mais bizarro impossível.


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