Sexualidade indefinida ou vocação religiosa?

JAIRO BAUER

Ninguém enlouquece porque se questiona sobre aquilo que gosta ou sente. A reflexão sobre as dúvidas que a gente tem é fundamental na vida de quem quer crescer. E é normal que a busca da resolução de conflitos tão centrais seja difícil.
A escolha de qual caminho profissional seguir deixa muito jovem de cabelo em pé. Também pudera! É uma decisão que tem de ser tomada muito cedo, quando ainda não há experiência acumulada. E estamos falando da opção por uma carreira habitual, não da decisão de ser padre, que implica uma série de outras escolhas.
A carreira religiosa pressupõe uma questão central que é a vocação para o sacerdócio. A pessoa tem de entender sua missão comunitária, ter fé no que vai fazer, acreditar em uma dimensão religiosa e entender que está fazendo uma opção por um caminho distinto, que foge das orientações que você deve ter tido nesses anos todos.
Uma boa idéia pode ser tentar conversar com professores de escolas religiosas ou seminários para entender melhor as exigências e as necessidades. É bom lembrar que essas exigências mudam de uma religião para a outra. Um pastor, por exemplo, ao contrário de um padre, pode casar. Também não é uma escolha que tem que ser feita imediatamente. Muita gente faz uma faculdade comum para, depois, em um segundo momento, optar pela vocação religiosa.
Em paralelo, é importante que você dê atenção, também, à questão da sua sexualidade. Não que você precise resolver essa história de uma hora para a outra, mas você deve perceber que ela pode ajudar em outros caminhos que você vai seguir em sua vida.
Será que essa confusão na sexualidade não interfere em seu desejo sobre a carreira religiosa? Durante muito tempo, em uma época em que os hábitos e costumes eram muito mais rígidos do que hoje em dia, esse tipo de dúvida pode ter levado muitas pessoas a buscar refúgio na religião. Afinal, de um padre não se cobrava esse tipo de postura, já que o celibato é uma das implicações do sacerdócio. Pense bem nisso.
Não cobre de você uma postura radical nem uma escolha tão difícil da noite para o dia. Busque ajuda, converse com educadores, padres e um psicólogo para entender melhor os seus conflitos. Você chega lá.


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