Ex-visionário, Moby fica preso no tempo em "Last Night", celebração à dance de NY nos últimos 25 anos

RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL

Visionário desde antes de fazer de "Play" (1999), o mais bem-sucedido comercialmente CD da história da música eletrônica, Moby passou os último nove anos numa espécie de "pause" criativo. Lançou "18" (2002) e "Hotel" (2005), mas eles não fizeram nenhuma diferença.
Estamos em 2008, e CDs bem-sucedidos comercialmente são, em si, uma idéia anacrônica. É aqui que, em vez de dar um novo "fast-forward", o ex-visionário manda ver no "rewind". Seu novo álbum, "Last Night", faz um resumo em 65 minutos dos últimos 25 anos da música dance de Nova York, no que isso tem de bom e de ruim.
Essa viagem nostálgica nos joga de volta a 1983, ano em que provavelmente você ainda não era nascido. Vale então salientar que isso pressupõe momentos nos quais dá até para visualizar divas da dance music, de vestidinho cintilante e cabelo black power, cantando refrãos. É o caso, por exemplo, das faixas "Ooh Yeah" e "Disco Lies".
(Nesta última, dá para visualizar literalmente. O vídeo está no YouTube, e a supracitada diva surge em meio à história de um massacre na avícola que traumatiza um pintinho. Chatices do vegetariano Moby.)
As citações oitentistas desembocam no hino baladeiro "Everyday It's 1989" e abrangem ainda um anterior encontro com o hip hop nova-iorquino -caso de "Alice", com participação de Aynzli Jones e do grupo nigeriano 419 Squad (Moby praticamente não põe a voz no álbum), e de "I Love to Move in Here". Aqui, para não deixar dúvida, o veterano MC Grandmaster Caz insiste no refrão "old school takin" ya back". É a "old school" (o hip hop dos anos 80) pegando você de volta.
De resto, é um disco do Moby, o que significa que também causa um bocado de letargia. Que o digam as duas músicas ao final desta "balada", "Mothers of the Night" e, enfim, a faixa-título.

LAST NIGHT
Moby
www.moby.com


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