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São Paulo, segunda-feira, 14 de julho de 2003

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MÚSICA

Trio reivindica autenticidade com rap para pensar

Rimas consequentes

RICARDO TIBIU
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A música é uma das manifestações culturais em que a liberdade de expressão melhor funciona. O rap, em especial, tem essa característica. E o Consequência usufrui disso aliando rimas inteligentes com belas batidas e samples de música brasileira e de jazz.
"Fazemos rap buscando sempre a autenticidade, falando do que vivemos e sabemos", diz o DJ Ajamu, 27. O trio, da zona norte de São Paulo, é completado pela dupla de MCs: Kamau, 27, e Sagat, 27.
No ano passado, o trio lançou o sublime EP "Prólogo". A simples e explicativa capa dá um resumo da história dos caras. São somente três quadrinhos com um desenho e um número (76, 97 e 02) em cada um.
"76 é o ano do nosso nascimento, representado pelo nascer do sol. 97 foi quando formamos o grupo para "seguir" por esse caminho, por isso a seta. 02 foi quando nossa música saiu para o mundo, através do EP, daí a caixa de som", diz Kamau.
Entre as influências, eles citam Gangstarr, A Tribe Called Quest, De La Soul, Tupac e Racionais MCs, de quem o crédito é maior: Ajamu é irmão de KL Jay, DJ do Racionais.
"Faço rap porque ele foi a minha maior influência e inspiração. Ele me dá toques sobre música e me empresta equipamentos quando preciso", diz Ajamu.
Na música "Chegando", o grupo versa: "Eu vejo uma pá de coisa errada sendo idolatrada/ E várias coisas certas sendo mal interpretadas". Na sequência: "Rimar é fácil/ Difícil é fazer pensar".
Kamau refere-se ao que as pessoas julgam sem análise. "Tem coisa que o Mano Brown fala, por exemplo, que é mal-entendida. Muitos dizem que ele faz apologia ao crime porque nunca pararam para analisar suas letras", explica.
"Sem Chance" está para o Consequência como "Me Dê Motivo" estava para o mestre Tim Maia. O recado é para uma mina no fim de um relacionamento, esbaldando sinceridade e com um refrão marcante.
Se são nova escola? "Somos novos, fazemos rap um pouco diferente do que era feito antigamente. Talvez por isso sejamos "nova escola". Nossos contemporâneos Marechal, Mzuri Sana, Ascendência Mista e Jackson também são representantes da "nova escola'", diz Kamau.
Já Sagat acha que existe confusão sobre o assunto e diz que "tem gente com vários anos de estrada sendo rotulado assim por não se enquadrar no estilo de rap que rola nas rádios especializadas. Eu e o Ajamu temos mais de dez anos de hip hop e somos considerados "nova escola'".
"Fazemos letras com mensagens positivas porque acreditamos que cada um deve fazer sua parte para conseguir o que quer. Queremos que as coisas melhorem", afirma Sagat, sobre as letras. E pontua: "Não somos obrigados a ter um conteúdo determinado só por sermos um grupo de rap".
Além do Consequência, todos eles têm seus projetos paralelos. Sagat tem o D.preto e o Guerreiros, que lança CD no mês que vem.
Ajamu toca com o DJ Marco, o baixista Sorry e o baterista Paulo num grupo ainda sem nome e faz parte do Banca Forte, formado só por DJs. Kamau canta com o Instituto e com o Quinto Andar.

Contatos: www.bocada-forte.com.br/consequencia
cons7697@bol.com.br


Para ouvir a música "Ouvindo um Som", com Consequência, ligue para 0/xx/11/ 3471-4000 e digite 4 - Música. Custo: só o da ligação.


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