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São Paulo, segunda-feira, 14 de julho de 2003

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FOLHATEEN EXPLICA

Relatório da ONU coloca o país abaixo dos da América do Sul

Qualidade de vida no Brasil melhora, mas ainda é pouco

PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A qualidade de vida no Brasil melhorou, mas o país poderia ter prosperado ainda mais se a renda da população tivesse aumentado na proporção em que cresceu em todo o mundo. É o que diz o Índice de Desenvolvimento Humano, estudo divulgado todo ano pela ONU (Organização das Nações Unidas).
No ranking de 175 países, o Brasil ficou na 65ª posição, entre as nações classificadas como de qualidade de vida média. No relatório de 2002, o país estava no 69º lugar. O IDH é uma forma de medir o tamanho da renda, o grau de educação e a expectativa de sobrevivência de uma população. Quanto maior, maior a qualidade de vida.
O Brasil melhorou quatro posições em relação ao ranking do ano passado graças a avanços no acesso à escola, no aumento de oportunidades iguais entre homens e mulheres e na maior expectativa de vida da população.
Seu salto só não foi maior porque os brasileiros ganharam menos dinheiro do que a média da população mundial. A renda dos últimos 26 anos no país cresceu em média 0,8% por ano, taxa menor do que a média mundial (1,2%), do que a dos países em desenvolvimento (2,3%) e do que a dos países ricos (2,1%). Ou seja, a cada ano os brasileiros se distanciam financeiramente até de cidadãos de países com desenvolvimento semelhante.
Na América do Sul, o Brasil tem qualidade de vida pior do que a Argentina (34º do ranking), o Uruguai (40º), o Chile (43º) -esses três classificados entre os países de alto desenvolvimento humano- e a Colômbia (64º).
A ONU cita Brasil, México, Índia e China como países que apresentam áreas de desenvolvimento econômico com enormes bolsões de intensa miséria. "O progresso nesses países foi excelente. Mas algumas áreas e grupos não foram beneficiados o suficiente enquanto segmentos abastados da população continuam a se fortalecer", diz o relatório de 2003.
Ao lado de Índia, Uganda e Tailândia, o Brasil aparece como um dos países que mais conseguiram reduções significativas da pobreza. O ritmo, entretanto, não deve permitir que atinja a meta de redução da pobreza extrema até 2015, conforme proposta da ONU que o Brasil se comprometeu a cumprir.
Estudos como o do IDH são importantes para mostrar para onde caminha o mundo. O economista Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel em 2001, definiu qual deveria ser a preocupação dos governos: "Não é tentar determinar se o crescimento é bom ou ruim, mas, sim, se algumas políticas por eles adotadas conduzem ao crescimento; e se essas políticas levam ao tipo de crescimento que proporcionaria mais bem-estar às pessoas pobres".



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