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fashion
A moda que só tem na internet
Com uma idéia na cabeça, máquina de costura numa mão e um computador na outra, jovens estilistas montam lojas virtuais de street wear com inspiração na cultura pop
LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Primeiro foi a música,
com Napster e, mais
recentemente,
MySpace. Depois o
vídeo, com o YouTube. Agora, chegou a vez de a moda se instalar na internet.
Esqueça os shopping centers
e os desfiles da São Paulo Fashion Week. Essas roupas não
são vendidas em lojas. A aposta
da nova geração de designers é
a praticidade e o baixo custo
dos sites, que se transformam
em lojas virtuais e atendem
clientes em todo o país.
Na contramão da indústria
da moda, essas marcas não seguem tendências e não respeitam o calendário oficial
de coleções. A principal
inspiração é a cultura pop, traduzida em estampas de camisetas.
O começo
pode ser até
acidental. Foi o caso da Alguns Tormentos, do estudante de moda Eduardo Biz, 22.
Há três anos, ele postou em
seu blog algumas estampas
que havia criado, com a intenção de mostrar aos amigos.
As ilustrações de bandas indies fizeram sucesso e os amigos encomendaram. "Vi que
não tinha camiseta de banda
legal nas lojas. Era um mercado novo para ser explorado",
diz o rapaz.
Depois da primeira leva de
camisetas, feita num transfer
tosco (técnica em que a estampa é impressa num papel e
transferida ao tecido por meio
do calor do ferro de passar roupas), Biz decidiu investir. Montou um site e produziu mais camisetas, dessa vez em silk
screen. Hoje, ele vende em média 150 camisetas por mês, por
R$ 35 cada, com cortes básicos
e estampas de bandas megaobscuras como Architecture
in Helsinki e Sigur Rós.
Com modelagens mais arrojadas, decotes, babados, e até
vestidos, a Mono, de Maria Biavati e Patrick Magalhães, da
banda de rock independente
Walverdes, também tem apelo
pop. A loira incendiária Debbie
Harry, do Blondie, e a série cinematográfica de terror cult "A
Noite dos Mortos Vivos" são alguns dos temas das estampas.
"No início, a idéia era fazer roupas de coisas de que nós gostamos. Como a marca cresceu,
hoje tem muita estampa que é
sugerida pelos clientes", conta
Maria, 23, que vende cerca de
180 peças por mês, a preços que
variam de R$ 22 a R$ 50.
Ela conta que o "sonho da loja própria" existe, mas ainda está longe de ser concretizado,
pois exigiria uma reestruturação total da marca, que hoje só
consegue atender à demanda
dos pedidos via site. "A internet
é um mercado legal, dá para
distribuir para o país inteiro e o
correio é superconfiável", diz.
Para comprar uma camiseta
pelo site de qualquer dessas
marcas, o procedimento é o
simples: você escolhe o modelo
e o tamanho, faz um depósito
bancário (cartão de crédito ainda não rola) e espera a entrega,
via correio. Todo o processo
pode demorar até uma semana.
Para Jorge Queiroz, 22, da
Obra, outra vantagem da web é
o apelo visual. "É um jeito não
muito caro de transmitir a idéia
da marca. Pelo design do site,
dá para passar emoção, o conceito", diz o designer. A marca
existe desde 2005 e tem uma
proposta "urbana, sem ser underground", na definição de
Jorge. A coleção atual tem como tema a boemia do centro de
SP e estampas que homenageiam sambas clássicos.
Já o Soma Visual faz camisetas assinadas por jovens artistas, em edições de no máximo
100 peças. "Vejo a camiseta como um veículo para mostrar o
trabalho desses artistas", diz o
fundador Tiago Moraes, 29.
Divulgar uma loja virtual
sem nenhum plano (nem verba) de marketing pode parecer
difícil, mas o boca-a-boca tem
sido eficiente. O Orkut também
ajuda. Mono, Alguns Tormentos, Reverbcity e Obra já contam com comunidades no site.
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