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TECNO
Com avanço da foto digital, álbum de família é espécie em extinção
MARCELO VAZ
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Câmeras fotográficas digitais são
ótimas: mostram o resultado na
hora, têm recursos dignos de profissionais, não exigem scanner para
passar por e-mail e dispensam negativo. De tão legais, dá até vontade
de esquecer para sempre o trauma
dos filmes queimados daquela viagem única para o Nepal e as revelações de (pelo menos) uma hora.
Essas vantagens e o relativo sucesso do aparelho fazem a gente imaginar um mundo só com digitais. Em
2040, suponhamos. O álbum de família? No máximo, vai virar uma
coleção de CDs. O problema vai ser
ver as fotos, já que, até lá, o disco
compacto talvez não passe de uma
peça de museu. Será o fim das caixas
no fundo do armário com fotos de
tios e avós na juventude.
Lembranças dos netos, por sinal,
só se for na tela do micro. E, se quiser imprimir essas poses digitais, resolução, impressora, tinta e papel
terão de ser de ótima qualidade. Senão, desencana. Ou a foto parecerá
rascunho, ou as cores sumirão em
meses, como as polaróides.
Mas o maior perigo é a raiva. Se
você rasga a foto (comum) de alguém com quem brigou, pode recuperá-la até cem anos depois -um
benefício de negativos bem cuidados. Já a "memória fotográfica" de
quem tem só digitais termina na
confirmação do "Tem certeza que
deseja excluir esses itens?".
E-mail - walabibi@uol.com.br
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