São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 2002

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TECNO

Com avanço da foto digital, álbum de família é espécie em extinção

MARCELO VAZ
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Câmeras fotográficas digitais são ótimas: mostram o resultado na hora, têm recursos dignos de profissionais, não exigem scanner para passar por e-mail e dispensam negativo. De tão legais, dá até vontade de esquecer para sempre o trauma dos filmes queimados daquela viagem única para o Nepal e as revelações de (pelo menos) uma hora.
Essas vantagens e o relativo sucesso do aparelho fazem a gente imaginar um mundo só com digitais. Em 2040, suponhamos. O álbum de família? No máximo, vai virar uma coleção de CDs. O problema vai ser ver as fotos, já que, até lá, o disco compacto talvez não passe de uma peça de museu. Será o fim das caixas no fundo do armário com fotos de tios e avós na juventude.
Lembranças dos netos, por sinal, só se for na tela do micro. E, se quiser imprimir essas poses digitais, resolução, impressora, tinta e papel terão de ser de ótima qualidade. Senão, desencana. Ou a foto parecerá rascunho, ou as cores sumirão em meses, como as polaróides.
Mas o maior perigo é a raiva. Se você rasga a foto (comum) de alguém com quem brigou, pode recuperá-la até cem anos depois -um benefício de negativos bem cuidados. Já a "memória fotográfica" de quem tem só digitais termina na confirmação do "Tem certeza que deseja excluir esses itens?".

E-mail - walabibi@uol.com.br



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