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POLÍTICA
Congolesa foge para não morrer e se perde da família
DA REPORTAGEM LOCAL
Às vezes, o refúgio é, mais
do que uma opção, a
única saída para a sobrevivência. Numa emergência, alguns jovens precisam escapar sem a família.
Foi o caso de Gabi*, 19, de
Kinshasa, capital da República
Democrática do Congo.
Segundo ela, sua vida mudou
quando disse numa entrevista à
TV local que um general da cidade sequestrava e estuprava
grupos de adolescentes.
Presa logo depois de a entrevista ir ao ar, ela diz que viveu o
terror no cárcere, sendo constantemente estuprada pelos
responsáveis pela cadeia.
Quando começou a apresentar um forte sangramento vaginal, um dos homens apiedou-se
de sua situação. "Ele me disse:
"Se você ficar aqui, vai morrer'",
diz a jovem em português, com
forte sotaque francês.
Ele a tirou em segredo da cadeia e a levou a um porto, onde
outro homem foi pago para escondê-la num navio qualquer.
Ao chegar ao Brasil, ela nem
sabia onde estava. Levada à
Fundação Cáritas em setembro
de 2008, pediu refúgio -que
ainda está em análise-, fez aulas de português, trabalhou como faxineira e em um salão.
Desde outubro, recupera-se
de uma cirurgia para retirada
do aparelho reprodutor, que tinha uma infecção grave.
Apesar de tudo o que sofreu,
ela só chora ao lembrar do pai.
"Não consegui mais localizá-lo
para dar notícias. Talvez ele
pense que eu estou morta."
(TA)
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