São Paulo, segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

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POLÍTICA

Congolesa foge para não morrer e se perde da família

DA REPORTAGEM LOCAL

Às vezes, o refúgio é, mais do que uma opção, a única saída para a sobrevivência. Numa emergência, alguns jovens precisam escapar sem a família.
Foi o caso de Gabi*, 19, de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo.
Segundo ela, sua vida mudou quando disse numa entrevista à TV local que um general da cidade sequestrava e estuprava grupos de adolescentes.
Presa logo depois de a entrevista ir ao ar, ela diz que viveu o terror no cárcere, sendo constantemente estuprada pelos responsáveis pela cadeia.
Quando começou a apresentar um forte sangramento vaginal, um dos homens apiedou-se de sua situação. "Ele me disse: "Se você ficar aqui, vai morrer'", diz a jovem em português, com forte sotaque francês.
Ele a tirou em segredo da cadeia e a levou a um porto, onde outro homem foi pago para escondê-la num navio qualquer.
Ao chegar ao Brasil, ela nem sabia onde estava. Levada à Fundação Cáritas em setembro de 2008, pediu refúgio -que ainda está em análise-, fez aulas de português, trabalhou como faxineira e em um salão.
Desde outubro, recupera-se de uma cirurgia para retirada do aparelho reprodutor, que tinha uma infecção grave.
Apesar de tudo o que sofreu, ela só chora ao lembrar do pai. "Não consegui mais localizá-lo para dar notícias. Talvez ele pense que eu estou morta." (TA)


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