São Paulo, segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

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Álvaro Pereira Júnior - cby2K@uol.com.br

00, a década do nada

Andei por Londres nesses dias e, nas revistas e nos jornais de lá, é o seguinte: resumo da década, avaliação da década, os melhores da década, os piores da década. Epa, é mesmo -2009 é o último ano desta década!
No século passado, os anos 50 foram do nascimento do rock. De Chuck Berry, Eddie Cochran, Gene Vincent, Elvis. Os anos 60 foram dos Beatles... e dos hippies.
Nos 70, brilharam muito o metal, o progressivo, a disco e, felizmente, o punk.
A new wave, o pós-punk, o synth pop e suas variantes dominaram os 80. Os anos 90 foram do grunge, do britpop e da música eletrônica.
E os 00, a década que acaba, foram de quê?
Para mim, de nada. Claro, há nomes aqui e ali: Strokes, White Stripes, Libertines, Arctic Monkeys (os dois últimos belas porcarias, se você me permite; mas tiveram destaque, então vá lá).
Houve também uma certa ressurreição de hippies imundos, representados por "artistas" tipo Gogol Bordello, Devendra e os indies sambistas brasileiros. E não muito mais do que isso.
É um monumento à mediocridade dos tempos, como diria meu amigo André Forastieri, que muitas publicações inglesas tenham escolhido o Radiohead como a banda dos 00 (os "naughties", na simpática expressão gringa). Porque, óbvio, o Radiohead existe desde 1987.
Pode ser que falte distanciamento histórico, mas acho que a marca desta década é essa mesma: não foi de coisa nenhuma. Porque foi a década em que a internet se consolidou. A década da pulverização, dos nichos. E de um obstinado culto ao passado, movido pelo YouTube.
Pois então: mais do que de qualquer artista, os "naughties" são do YouTube. Musicalmente falando, esta é uma década voltada para o que já foi feito.
Falta inventar o YouTube do futuro. Os anos 10 estão aí para isso.

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"Michael", Telepathe
Se o Ladytron não fosse tão assexuado, seria assim: is.gd/5hgsx.
A letra é vigança pura

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"A World of Hits",
The Economist

Será que cauda longa, dos micronichos, é mesmo o destino da internet? A "Economist" explica: is.gd/5hgX3

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Folk inglês adorado pelos críticos. Quando começaram a sapatear, fui embora. Era a sexta música


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