São Paulo, segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

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COMPORTAMENTO

Cortar, vender, faturar

Pode ser por calor, para procurar emprego ou só para mudar o visual: o fato é que quem tem cabelão pode lucrar com o corte

DANILO POVEZA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Longos cachos de cabelo já serviram para Sansão ter a força que derrubava exércitos e ajudaram Rapunzel a içar o príncipe encantado.
Nos tempos modernos, o cabelo comprido pode ter uma função mais monetária: cortado e vendido para lojas que o utilizam para montar perucas e apliques, ele vale dinheiro.
Igor de Sá, 20, recebeu R$ 300 pela cabeleira que mantinha havia seis anos. "Achei que estava parecendo moleque e queria passar dessa fase."
A oferta também convence meninas que enjoam do cabelão e quem precisa se contentar com um corte mais formal por causa de emprego.
Esse era o caso de Hugo Novais, 20. "Cortei porque ia começar a procurar trabalho", conta o fã de Ramones, que soube da prática lendo um cartaz na rua. Decidiu continuar sendo prudente e poupou os R$ 80 que levou pelos fios.
Marcos Colber, 21, ganhou menos dinheiro. Ele não buscava um emprego novo, mas sentia calor demais, queria mudar um pouco o rosto e seguiu a indicação de um amigo para vender os cachos.
"Os R$ 40 que consegui, gastei em uma "balada" no mesmo dia." Marcos só levou o suficiente para uma noitada porque não cuidava com afinco do cabelo, acredita.

Juventude na cabeça
O cabelo jovem é valorizado na manufatura de perucas e de apliques porque fios artificiais apodrecem com a água e não servem para bons apliques.
Mas é claro que, além da juventude, o cuidado com os pelos da cabeça também conta: é importante lavar os cabelos diariamente e perceber se eles não ficam oleosos com o correr do dia -nesse caso, um xampu para esse tipo de cabelo resolve.
"Disseram que meu cabelo estava bem cuidado, poderia ter procurado quem pagasse mais, só que estava cheio de me perguntarem quando eu ia cortar", explica Igor.
Marinara de Macedo, 15, também estava cansada das madeixas longas, mas foi mais paciente e ouviu a dica do salão que frequentava: "Cortei o cabelo e guardei para vender, mas pesquisei quem pagava mais. Consegui R$ 70".
Quanto maior o cabelo e mais rara sua cor, melhor o preço que se paga por ele, conta Ísis Santana, que mantém há 16 anos um salão na Galeria do Rock, em São Paulo, especializado em negociar cabelo.
"Uma vez cheguei a pagar R$ 800", lembra. Só no reduto metaleiro há outras duas lojas com a mesma atividade.

14 centímetros
A promessa do dinheiro à vista encantou Milene Franscisca, 13, que passava em frente à galeria e cortou todo o cabelo.
Com os R$ 250 que ganhou, ela comprou o celular com que sonhava, mas ficou um pouco arrependida por deixar a nuca tão descoberta. Mas tudo bem, porque é fácil voltar a ser Rapunzel se o estilo curtinho cansar: o cabelo humano cresce em média 14 centímetros por ano.
Já quem se arrepender e quiser "consertar" a cabeleira na hora, vai pagar caro: a mão de obra sai por no mínimo R$ 100 (fora a recompra dos fios) e perucas vastas, de cabelo natural, é claro, saem por até R$ 3.000.


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