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COMPORTAMENTO
Cortar, vender, faturar
Pode ser por
calor, para
procurar emprego
ou só para mudar
o visual: o fato é
que quem tem
cabelão pode
lucrar com o corte
DANILO POVEZA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Longos cachos de cabelo já
serviram para Sansão ter
a força que derrubava
exércitos e ajudaram Rapunzel
a içar o príncipe encantado.
Nos tempos modernos, o cabelo comprido pode ter uma
função mais monetária: cortado e vendido para lojas que o
utilizam para montar perucas e
apliques, ele vale dinheiro.
Igor de Sá, 20, recebeu
R$ 300 pela cabeleira que mantinha havia seis anos. "Achei
que estava parecendo moleque
e queria passar dessa fase."
A oferta também convence
meninas que enjoam do cabelão e quem precisa se contentar
com um corte mais formal por
causa de emprego.
Esse era o caso de Hugo Novais, 20. "Cortei porque ia começar a procurar trabalho",
conta o fã de Ramones, que
soube da prática lendo um cartaz na rua. Decidiu continuar
sendo prudente e poupou os
R$ 80 que levou pelos fios.
Marcos Colber, 21, ganhou
menos dinheiro. Ele não buscava um emprego novo, mas sentia calor demais, queria mudar
um pouco o rosto e seguiu a indicação de um amigo para vender os cachos.
"Os R$ 40 que consegui, gastei em uma "balada" no mesmo
dia." Marcos só levou o suficiente para uma noitada porque não cuidava com afinco do
cabelo, acredita.
Juventude na cabeça
O cabelo jovem é valorizado
na manufatura de perucas e de
apliques porque fios artificiais
apodrecem com a água e não
servem para bons apliques.
Mas é claro que, além da juventude, o cuidado com os pelos da cabeça também conta: é
importante lavar os cabelos
diariamente e perceber se eles
não ficam oleosos com o correr
do dia -nesse caso, um xampu
para esse tipo de cabelo resolve.
"Disseram que meu cabelo
estava bem cuidado, poderia
ter procurado quem pagasse
mais, só que estava cheio de me
perguntarem quando eu ia cortar", explica Igor.
Marinara de Macedo, 15,
também estava cansada das
madeixas longas, mas foi mais
paciente e ouviu a dica do salão
que frequentava: "Cortei o cabelo e guardei para vender, mas
pesquisei quem pagava mais.
Consegui R$ 70".
Quanto maior o cabelo e mais
rara sua cor, melhor o preço
que se paga por ele, conta Ísis
Santana, que mantém há 16
anos um salão na Galeria do
Rock, em São Paulo, especializado em negociar cabelo.
"Uma vez cheguei a pagar R$
800", lembra. Só no reduto metaleiro há outras duas lojas com
a mesma atividade.
14 centímetros
A promessa do dinheiro à vista encantou Milene Franscisca,
13, que passava em frente à galeria e cortou todo o cabelo.
Com os R$ 250 que ganhou,
ela comprou o celular com que
sonhava, mas ficou um pouco
arrependida por deixar a nuca
tão descoberta. Mas tudo bem,
porque é fácil voltar a ser Rapunzel se o estilo curtinho cansar: o cabelo humano cresce em
média 14 centímetros por ano.
Já quem se arrepender e quiser "consertar" a cabeleira na
hora, vai pagar caro: a mão de
obra sai por no mínimo R$ 100
(fora a recompra dos fios) e perucas vastas, de cabelo natural,
é claro, saem por até R$ 3.000.
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